Monday, September 25, 2006


MESMO MORTO É PRECISO QUE VIVA

Mesmo que se queira falar totalmente mal da América há sempre algo que nos leva a separar os nossos juízos a fim de distinguir o que presta e o que não presta. São os americanos que nos dão a conhecer a sua própria podridão. Os crimes de que são acusados por não respeitarem os Direitos do Homem tiveram repercussão mundial porque foram eles que os denunciaram. São eles que transmitem imagens dos seus actos reprováveis. Maltratam seres humanos e mostram-nos como o fazem. Responsáveis políticos americanos têm o descaramento de afirmar perante as câmaras de televisão que mandaram assassinar alguns seres humanos suspeitos de dirigirem redes terroristas. Se isto não é a confissão de um crime, vou ali à Praia Grande e já volto. Ultimamente deram para repetir indefinidamente as imagens das Torres Gêmeas quando foram destruídas (não se sabe bem por quem, visto ainda não ter havido julgamentos e por conseguinte culpados). Em Portugal – que se transformou num Estado Televisivo Americano – foram tantas as repetições que elas (as imagens) já entraram no mundo cerebrino. Morreram perto de quatro mil pessoas. Meteu-me dó e uma certa aflição ver aquelas cenas de agonia e destruição. Já me habituei a elas. Porém, elas devem ser sucessivamente repetidas com algum fito. Haverá mais alguma invasão nas entranhas dos donos do petróleo? Não sei! Já estou por tudo... Antes de saltar para um outro aspecto, gostaria de pedir aos servíveis directores de programação dos canais portugueses para passarem aquelas imagens de quando a América invadiu o Panamá para prender Noriega, Chefe do Estado Maior das suas Forças Armadas. É que, se não estou em erro, naquela invasão morreram perto de três mil panamianos... Era só para haver um certo equilíbrio à americana na comunicação social. O que me levou a escrever mais esta encruzilhada de palavras está no facto de a bruma mentirosa que envolve Bin Laden não ter fim, tal qual uma telenovela brasileira a esticar imensamente o final. Bin Laden, que dizem ser o chefe da terrível Alqaeda, vive num monte há meses. De que se alimenta? De areia e rochas! O que bebe? Chichi de lagarto! Como consegue fazer fogo contra a maior força militar do mundo? Com o cajado! A quanto montam os seus efectivos? Um milhão de Mártires de Alá, uma centena de milhar, uma dezena de milhar, enfim a sós com Maomé? Com um telemóvel sem bateria! Como envia mensagens de ataque aos seus correlegionários sem meios para o fazer? Os pombos já foram comidos, só se for com canarinhos da Ribeira Grande (que segundo me disseram já desapareceram nos pratos digo pastos)... O Arsène Lupin descobriu que ele – Bin Laden – tinha morrido de febre... Bin Laden é uma mina – mesmo morto e vivo ao mesmo tempo ( uma espécie do “Gato de Schrodinger” ler Michael White/John Gribbin in Einstein, pag.234/PEA, 2004) – para os fazedores de guerras. É preciso caracterizá-lo como grande criminoso. Fazer ver a um bilião – repito um bilião – de árabes que ele é a encarnação do mal. Eu penso que será muito difícil ir por aí dado que são as bombas americanas quem tem matado e matado e matado muitos inocentes ao ponto de Saddam já sugerir saudades aos iraquianos. Vai-se lá saber porquê... Imaginemos que os americanos apanhavam Bin Laden, uma espécie de Che dos tempos modernos. Morto, tinham de o devolver à família, que por acaso é amiga da família de Bush. Mais um lugar de peregrinação... Muito perigoso! Que o mantinham para interrogatório numa câmara frigorífica algures em Dallas... Por favor, mantenham-no vivo. Construam um hotel e um hospital, para ele continuar a ser uma mina para certos americanos. Haja comodidade para quem tem dado tanto a ganhar... e continuem a mentir que eu gosto tanto.
manuelmelobento
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Sunday, September 24, 2006


PIO PIO PIO

Quando me ponho a pensar o que foi o eanismo em Portugal passo-me. Eanes foi um dos Presidentes da República eleito democraticamente em condições de difícil adaptabilidade dos portugueses à democracia. Antes de Eanes e logo a seguir ao golpe militar de 25 de Abril de 1974, foram sucessivamente escolhidos dois militares para a chefia da nação. Eles foram o generais Spínola e Costa Gomes. O primeiro conseguiu fazer passar a ideia de que tinha escrito um livro. Logo, tratava-se de um pensador. Nada mais falso. Quem escreveu “Portugal e o Futuro” fora um jornalista. Spínola e Costa Gomes eram dois basbaques intelectualmente falando. Em quarenta e oito anos, Salazar tinha conseguido fazer com que os portugueses deixassem de pensar (o que não era muito difícil). Quem tinha essa possibilidade estava no estrangeiro. No país só podíamos ler o Joaquim Paço de Arcos, a Crónica Feminina, as legendas dos santinhos que explicavam os diversos milagres de Fárima e os livros de História de Portugal feitos à imagem da Odisseia. A PIDE quando sabia que alguém tinha em casa livros esquisitos ia lá buscá-los para a sua colecção privada. Com o derrube da censura e a entrada dos livros proibidos a malta começou a abrir os olhos para as ideologias. Foram poucos que se cultivaram, mas foram alguns. Eanes que era um militar não tinha cultura. No entanto, o período revolucionário permitiu que fosse escolhido mais pela postura física e pelo modo como falava grosso. Não possuía ideias, mas mesmo assim conseguiu criar uma corrente desconhecida delas. Portugal sempre foi um país de milagres. Portanto nada de nos admirarmos. A seguir a Eanes, Mário Soares foi eleito Presidente da República. Escritor, humanista, homem de cultura política, histórica e económica preparou o país para a única saída possível: a Europa Comunitária. O período em que chefiou a nação portuguesa e as regiões autónomas caracterizou-se por um enriquecimento de ideias. Mário Soares é um democrata nato. Com ele pôde-se discutir todo o tipo de ideia. Ajudou a criar o espírito de plena liberdade nas consciências tacanhas e persecutórias. Como Presidente da República obrigou o Executivo a permanente actividade não o deixando tornar-se autocrático apesar de ter um suporte maioritário na Assembleia da República. Acabado o seu consulado, foi eleito um tal Jorge Sampaio. Cheio de fama. Com ela entrou em Belém e com ela saiu. Passou os dois mandatos a anestesiar tudo à sua volta. Vai ficar conhecido na História como aquele que derrubou o governo maioritário de Santana Lopes, dando origem a um governo socialista embalsamado o mais à direita possível após o quase desconhecido “25 de Abril”. De intelectual tinha a fama. Tinha! Esperemos pelas suas memórias para vermos se se vislumbra algum interesse nessa área (do intelecto, claro!). Finalmente, após a saída do socialista Sampaio, foi eleito Cavaco. Um homem da economia. Já escreveu livros. Mas a sua maior influência intelectual advém das suas crónicas económicas. Chegou a prever a vinda de um monstro que afinal lhe caíu no colo. Difere de Eanes pelo lado do miolo. A postura física é rígida e transmite uma certa segurança. Cavaco é um economista de respeito. Criou o cavaquismo e Portugal por pouco não se designava cavaquistão. Neste momento deixa governar Sócrates, o primeiro-ministro que está tentando informatizar Portugal. E à medida que as novas tecnologias vão descobrindo o Portugal profundo, o povo vai percebendo que tinha milhares de escolas, dezenas de hospitais, centenas de médicos, milhares de professores, milhares de funcionários públicos que não serviam os interesses de ninguém. E agora? Nada mais simples. Enquanto o povo vai percebendo que afinal a moral, os bons costumes e o apertar do cinto só a ele diz respeito os seus representantes estão a preparar-se para a alternativa. E esta é simples. Chegaram à conclusão de que o milho não só alimenta os pombos das praças. E vai daí pio, pio, pio...
manuelmelobento
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Thursday, September 21, 2006


GORDON ME MI MIGO

O que determina muitas vezes um sintoma de civilização é a prevenção. Estar prevenido para se enfrentar o amanhã é um acto de responsabilidade cívica e há que realçá-lo. O “Gordon” esteve para vir fazer alguns estragos nas ilhas. Como furacão enfrentou alguns reveses e meteu o rabo entre as pernas e retrocedeu. Contente e César estiveram à altura dos acontecimentos assim como a Protecção Civil. Não iam certamente soprar contra a ventania que para tal não têm tanto fôlego, mas transmitiram uma imagem no terreno das emoções que fez as populações descansarem e não entrarem em sintonia com os exageros de alguns órgãos de comunicação ávidos de “estragos” para ocuparem os acostumados espaços da desgraça. Será que se vai abrir daqui para o futuro o canal de uma filosofia preventiva em todos as áreas de actividade? Haverá lugar a uma futura política de prevenção? Espero que não se esteja só trabalhar para o bronze de todas as aparências. Nota positiva. Bastante positiva e ainda estamos bem longe das urnas...
manuelmelobento
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Wednesday, September 20, 2006


SUBESPÉCIES REGIONAIS

Não temos partidos regionais mas por outro lado temos deputados regionais inseridos em partidos que não são regionais mas sim “nacionais”. Pode repetir? Um deputado regional representa uma região? Devia, mas não pode uma vez que é tribuno de um partido que se subdividiu. Então, devíamos denominá-los de subdeputados porque actuam numa subdivisão. É uma espécie de subdirector a assessorar um director . Qual é a função de um deputado regional-subdeputado nacional numa Assembleia Legislativa Regional? Não podendo pela lógica e pela exigência do bem pensar ser deputado regional mas sim subdeputado nacional, pode, no entanto, deputar como delegado substituto ou vice-vogal em matérias para as quais está impedido de aprovar legislação primeira? A “primeira legislação” é da competência da Assembleia da República portuguesa. Os mecanismos de aplicabilidade na região depende do humor do legislador. Isto é, os subdeputados apenas estão obrigados a aprovar o que já está previamente aprovado e para tal se exige um determinado tempo. O Jornal Oficial da região é uma espécie de papel químico num processo de intenção de menor dimensão do Diário da República. Tem a sua utilidade! Ninguém contesta! Está ao nosso alcance e ainda bem. Valha-nos isso ao menos! Quais serão então as competências a atribuir aos subdeputados nacionais indevidamente denominados de deputados regionais ? Eu não sei! Será que legislam? Penso que aquilo que aprovam não pode ser considerado lei, mas sim posturas ou pequenas informações às populações. Se se atreverem a aprovar leis, estas terão de ser analisadas à luz da Constituição. Logo, podem errar na apreciação desta. Já percebi. Têm de comum com os verdadeiros deputados a capacidade de errar. Já não é mau! Não estão assim tão longe... Quem verifica se as “leis” que os subdeputados julgam legalmente aprovar? O Presidente da República? Não, este só se entretém com as verdadeiras leis. Então as leis a brincar dos subdeputados são autenticadas por quem? Pelo Representante do Presidente da República que é uma espécie de Subpresidente da República. Nem o Subpresidente da República nem os subdeputados nacionais têm poderes soberanos. Afinal, quem tem esse poder? Eu não sei! A personalidade que chefia um governo denomina-se de primeiro-ministro. E os membros desse governo de ministros. Como por aqui é tudo sub resolveu-se chamar ao nosso primeiro-ministro de presidente e aos ministros de secretários. Em todas as regiões autónomas (ver o exemplo da Alemanha) eles são ministros e primeiro-ministro, mas por aqui não. Há lógica nestas designações? Do lado português, sim! Do nosso lado, não! E entra Marco Paulo: eu tenho dois amores... Claro que pode tê-los! Mas só pode possuir um coração... É a chamada lógica biológica! E eu não sei!
Nota: em Espanha, os chefes dos governos autónomos são também designados de presidentes. Mas presidentes de uma nação...
manuelmelobento
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Tuesday, September 19, 2006

O DESFOCADO


VITAL MOREIRA – DISTRAÍDO, FEZ DE PAPA

Professor Universitário

“Este insólito regime de favor tem algumas raízes na Constituição (como a independência orçamental e o direito às receitas fiscais), mas foi sendo progressivamente conquistado pelos governos regionais aos governos da República, culminando com a Lei das Finanças Locais de 1998, no tempo de Guterres (de quem haveria de ser?!), que se traduziu num verdadeiro “assalto” regional ao orçamento do Estado.”
No mesmo artigo saído no “Público” o professor repete diversas vezes a frase: “Os contribuintes do continente que paguem a factura!”
Nota:
Com o “Gordon” a chegar, os nervos tomaram conta de mim. Não tenho a calma suficiente para “articular” ao nível do texto do ex-mediático constitucionalista. Vou, pois, tentar condicionado. Penso, todavia, que deve ser o Governo Regional a elaborar uma resposta adequada pois o que Vital Moreira desmonta para acusar as regiões administradas por Portugal de viverem como parasitas altamente qualificados não pode nem deve ficar impune. O Professor Vital diz-nos que as Regiões Autónomas não contribuem para as despesas gerais da República (órgãos de soberania, justiça, forças armadas, forças de segurança, embaixadas e relações externas, contribuições para as organizações internacionais , a começar pela ONU e pela UE, etc., para além de o Estado continuar a financiar os importantes serviços públicos nacionais existentes nas regiões (tribunais, universidades, etc). BEM: para o habitante de um país que não come um simples papo-seco sem ser subsidiado é de estranhar um tal discurso... O senhor Vital Moreira não deve estar a viver em Portugal nem deve saber fazer contas ao que o país recebeu da UE. Isto pertence à área económica e esta serve para tudo. Num dia estamos de tanga. No outro a economia dispara. Na última visita de um Chefe de Estado aos Açores – no caso Jorge Sampaio – ouvimos o recado de que a Autonomia já tinha atingido os limites. Não disse quais. Mas depreendemos que não ir mais além queria dizer que íamos retroceder. Naturalmente no desenvolvimento e crescimento económico. Porque aquilo que eu estou pensando está fora de qualquer cogitação. Queria o Professor que pagássemos a quem nos quer atrofiar? Os tribunais nos Açores “utilizam” o modelo português do continente e são ocupados na maioria dos cargos e lugares por continentais que julgam segundo o referido modelo desajustado à nossa ideossincrasia e modo de estar no mundo. Estão os tribunais atulhados de processos que fazem que andam e não andam. Queria o Professor e ilustre constitucionalista que pagássemos também esta factura. Não pagamos as despesas das forças armadas. O professor, deve desconhecer que os Estados Unidos nos ocupam militarmente e o que pagam pela sua “estadia” reverte a favor do continente português. Depois as forças armadas portugueses não obedecem ao poder político açoriano eleito democraticamente pelo povo ilhéu. São forças armadas que estão para aqui sem nos prestarem contas. Trata-se de uma ocupação pacífica (e ainda bem porque há pouco tempo estiveram contra nós, isto é, serviram para prender civis que se tinham manifestado politicamente contra o centralismo português julgando que naquela altura estava criada a democracia... ) Queria o Professor que pagássemos às suas forças armadas quando parte das mesmas estão ao serviço de interesses que nada nos dizem e a Portugal muito menos... Faltam-nos forças de segurança activa. A que temos está atafulhada em papéis nas secretarias e é chefiada por continentais. Já sentimos falta de segurança em alguns lugares. Os agentes não dão para as encomendas. Chegamos ao ponto de o povo querer organizar-se para pôr a ordem a funcionar. O Professor não deve ler os nossos servis jornalecos. E queria o Professor que pagássemos serviços feitos à portuguesa. Venha passear à noite por algumas zonas que antes deste descalabro serviam para as beatas irem rezar de joelhos no nosso santuário. Até o prior já lá foi agredido. Quanto à nossa ajuda pecuniária para as embaixadas e relações internacionais, não posso deixar de rir de si. Para que precisamos de embaixadas se os açorianos têm sido recambiados às centenas – os chamados repatriados - sem apoio das mesmas? Não têm ajudas! Nem sequer a nível pedagógico. São dezenas de famílias destroçadas por falta de uma política inteligente. Relações internacionais? Ó senhor Professor Vital, então o senhor não sabe que os portugueses do continente deixaram que nos roubassem quinhentos mil quilómetros quadrados da “nossa” Zona Económica Exclusiva, para, em troca, mamarem nos concertos de mesas redondas - onde nenhuma voz açoriana tem lugar - algumas (enormes) contrapartidas! O senhor sabe que Portugal sem as Regiões Autónomas seria politicamente “abafado” por Espanha porque em termos internacionais a PI só teria uma voz: a dos espanhóis! Queria o Professor que pagássemos a quem nos espolia? Pagar à ONU e à UE? O senhor está a precisar de fazer uma reciclagem! Quem paga à ONU paga à América! Paga parte das suas guerras imperialistas e aos seus desmandos! Pagar à UE? O quê? Ela ficou com parte da importância da nossa zona estratégica. Tornaram-nos europeus sem termos possibilidade de optar. Puxaram-nos para a Europa que geograficamente fica longe como o raio. A malta não sabe aquilo o que é. A gente emigra para o Novo Mundo. O senhor nunca viu as pinturas do Domingos Rebelo? Claro que não! Professor, o senhor trocou as tintas! Portugal tem de pagar, pelo menos as despesas que por aqui faz. Estamos a viver uma autêntica sangria. Haverá povo mais pobre e sem objectivos do que o nosso? Enquanto a UE encheu o continente português de auto-estradas nós ainda só temos (São Miguel a ilha mais populosa) 34 quilómetros de auto-estradas. Estamos à espera de ligar as nossas cidades e vilas importantes por elas. Portugal transformou os Açores numa República Socialista! Eu explico se quiser saber coisas discretas. Que Portugal aguente os disparates que fez. Vou terminar perguntando o que é feito das divisas estrangeiras que os nossos emigrantes enviaram durante anos e que somam milhões de contos? O Banco de Portugal deve saber...
manuelmelobento
açoriano e português: uma espécie de dupla nacionalidade. Não está na Constituição. Porém, está lá bem expresso aquilo que o Professor nega no seu artigo e que lá se lê muito bem. Aliás, o Professor também para ela contribuiu e bem quando era comunista filiado no PCP...
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Sunday, September 17, 2006


“LÍNGUA AFIADA”

O afastamento de Nuno Barata da futura programação da RTP/Açores não é coisa que se aceite sem uma justificação pública. Mesmo tratando-se de uma estação televisiva pertença exclusiva do Estado não se pode nem se deve esquecer a opinião pública. Quando a opinião pública não conta estamos perante um regime censório, tipo ditadura de coronéis civis servidores de uma encapotada e ávida Legião Democrática. Programas do género do “Língua Afiada” faziam com que a RTP/A assumisse também uma postura crítica e levasse muito telespectador a sintonizá-la, coisa rara devido à “qualidade” da concorrência que “desvia” o grosso da população para a diversão alienante. O resultado é estar a malta toda mais despolitizada do que no tempo de Salazar e Caetano. Era preferível arranjar alguém que fizesse o contraditório. O que não era difícil, porque os oficiais da situação são muitos. Nuno Barata é uma voz incómoda. Nem sempre estive de acordo com o modelo do seu discurso. Ideologicamente não devo ter qualquer identificação com ele. Porém, isso não deve servir para o calar. Eduquei-me para a democracia e como tal fiquei chocado com a postura de Osvaldo Cabral. Ultimamente, o director responsável pelas notícias de cariz político tem branqueado aquilo que é politicamente incorrecto. Tem contribuído para esta espécie de paz podre/bem estar que se vai arrastando entre nós sem se vislumbrar saída alguma. Tudo nesta região tem mornaça. Tem anestesia. Democracia não é apagamento. Democracia é luta activa. E é nesta que se pode dar o desenvolvimento e o crescimento. A democracia americana, apesar de ser governada por um ditador sangrento económico, é exemplo salutar de como a oposição tem espaço para lutar. Estou a ver um realizador americano (esqueci o nome) numa cerimónia da entrega dos Óscars vilipendiar Bush com a estatueta da fama numa das mãos permitindo que todo o mundo ouvisse numa linguagem truculenta o seu desagrado para com uma política que coloca os Direitos Humanos no bidé das rameiras. Numa ditadura não existem momentos daqueles. Está tudo programado... Nós, aqui nos Açores, não cultivamos uma cultura de tolerância democrática. Somos uns paus mandados. Nada de ofender os senhores! É uma regra do antigamente que ainda não foi revogada da nossa mentalidade. Não temos partidos regionais, não temos televisão privada e independente como mandam as regras democráticas. Temos tudo que os tolos têm quando julgam viver em liberdade. E porquê? Vai-se lá saber!
manuelmelobento
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Friday, September 15, 2006

O Dom Bento XVI disse o que pensava em vez de pensar o que dizia...
O Chefe de Estado do Vaticano é um dos mais cultos membros da Igreja Católica. É um dos mais reputados teólogos da Cristandade. Como político posicionou-se contra os adversários do Ocidente da qual faz parte. Tinha esse direito... Mais, até se podia depreender das suas palavras (traduzidas pela comunicação social europeia) que estaria disposto a enviar para o cenário de guerra a sua guarda pessoal, a conhecida Guarda Suiça. É um bocado exagerado – estou especulando – mas apoio é apoio, porque de palavras os americanos estão fartos. O seu antecessor encetou um combate político contra o socialismo, tendo contribuído para o desmembramento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Bento XVI, acabada a luta contra o socialismo, alia-se aos defensores dos valores do Ocidente liberal, capitalista e imperial. É de se lhe tirar o chapéu (da foto)! Político é assim mesmo. Não estou a ver Óscar Romero chegar a Papa. Mesmo que quisesse não podia, pois foi assassinado quando abriu a boca em defesa dos desgraçados nas homilias dominicais. A Igreja esteve e está sempre do lado das civilizações europeias. Aos desgraçados, aos violados, aos estropiados, às vítimas dos genocídios, ela (a Igreja) promete o Céu. Nunca lhes diz para lutarem pela vida. Isso é pecado! Devem morrer às mãos dos seus assassinos pacifica, ordeira e obedientemente. Dá mais lucro! Agora, como intérprete de um Deus, que se afirma amando o próximo, borrou a pintura dessa mesma divindade que é vendida/difundida como bom e misericordioso. A sua palavra era importante para condenar os Senhores da Guerra. Fossem eles quem fossem. Esse era e é o seu papel. Falhou porque tomou partido em coisas do bem e do espírito universal. Só lhe resta demitir-se (resignar-se) se ainda tem um pingo de dignidade. É bom para a Paz! Que venha um pacificador em nome de um Deus há muito remetido para as bolsas de valores. Urbi et Orbe! Qual Mundo qual Cidade? É só conversa fiada?
manuelmelobento
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Thursday, September 14, 2006

"?????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????"
Sem legenda
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Wednesday, September 13, 2006


OS JORNALISTAS ESTÃO PARA A POLÍTICA

COMO AS MULHERES PARA OS HOMENS

Quando eu brincava a sério com a política olhava para os jornalistas como quem olha para o Bispo na Crisma. Eh, meu querido, dá-me um minuto! E eles não há nada para ninguém! Alguns, até chegaram à pulhice de pincelarem a realidade só pelo prazer de servir o patrãozinho político de quem estavam avençados. Para ser visível, o candidato a político ou político estagiário dos primeiros tempos da democracia portuguesa dependia da interpretação, da boa vontade e da formação moral com que o jornalista resolvia organizar (difundir) o discurso daquele. Salvo se “esses políticos” pertencessem às grandes forças partidárias - que tomaram conta do Estado - afeitas a industriais, grandes financeiros e grandes comerciantes que escaparam “milagrosamente” à depuração apadrinhada pelo Conselho da Revolução. Desde que me conheço racional ou quase que os media pertencem a patrões e os jornalistas feitos seus serventuários. Eu sei que há excepções. Mas estas não são para aqui chamadas que eu hoje não estou na disposição de feitor encomiástico. As democracias fazem apelo à informação generalizada e esta nada é sem jornalistas. Os jornalistas trabalham a informação e os patrões vendem-na a todo o tipo de clientela possível e imaginária. A informação até serve para se fazer chantagem... A informação é como a droga. Existe à balda e cada um tem a sua, isto é, a que mais se adapta às suas apetências. Se a informação è feita por jornalistas por que razão não são os jornalistas os donos dela? Que pergunta reaccionária a minha! São tolos os jornalistas? Nada disso! Até são (a sua maioria) velhacos, cultos, especializados em todas as áreas da actividade humana, são porta-vozes de presidentes, ministérios, autarcas, empresas, instituições e etc. que é demais. Ele há jornalistas até nas telenovelas, isto é, estão na feitura dos textos dramáticos e na crítica dos mesmos após materializados nos vários palcos. Grande parte deles está no desemprego ou está em vias de se empregar e de logo a seguir ir procurar poiso em alguma experiência que será falível se não for apoiada pelas “entidades abstractas”. Se os jornalistas isolarem um desgraçado qualquer (refiro-me mais propriamente a políticos) nem o pitbull de serviço o reconhece nas urnas. Fazem dos seres vivos uma cobaia de laboratório bastando para tanto um lápis. Que grande poder! Para entrar em casa de um suspeito a polícia precisa de uma ordem judicial. Até o Presidente da República se quiser fisgar um adversário tem de recorrer às Forças da Lei. Não estou a falar de Bush obviamente. Muitas vezes a Lei actua por sugestão de um articulado, de um “lead” (mesmo sem corpo), de uma crónica, de uma reportagem, etc. Que grande poder! Se tenho um sabonete para vender utilizo a publicidade e patrões. Mas se um jornalista de investigação resolver acabar com ele é só pegar no lápis. Muitas vezes o lápis não lhe pertence... Se um político em ascensão for apanhado com uma frigideira oferecida por um grupo económico, está feito às baratas, se esqueceu declarar ao fisco a venda de uma casita herdada da família lá se vai refugiar num tacho europeu porque cá até o perseguirão nos urinóis para se certificarem se ele não se engana no desbotoar. Grupos de grandes jornalistas associam-se quase secretamente e são eles que ficam sempre à frente dos grandes cabeçalhos, das grandes reportagens, das grandes mesas redondas, dos grandes programas televisivos (nestes casos até se dão ao desplante de se dizerem não jornalistas – jornalista uma vez jornalista sempre). Os grandes e chorudos ordenados sacados numa altura da vida em que já lhes custa brilhar na escrita são a recompensa pelos serviços prestados à “sociedade”. Imensos jornalistas a dormir e sem ter capacidade de se organizar... Amanhã talvez acabe este texto. As mulheres estão no mesmo pé. A dormir demasiado em tudo que é sítio e a deixar essa cambada (os homens) refastelados nos sofás do prazer, onde já deram o que tinham a dar. Mulheres e jornalistas, seus bananas!
manuelmelobento
PS: utilizo três fotografias para não cansar os leitores!
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Monday, September 11, 2006


DESFOCALIZAÇÕES
PARLAMENTARES

A entrada festivaleira (beijocado e muito abraçado) do deputado Paulo Pedroso no Parlamento português depois de ter estado preso, a condenação de um deputado por um tribunal devido a ter metido ao bolso as massas das viagens oficiais que devia ter feito e não fez, a suspeição que recaiu sobre dezenas de parlamentares que fizeram o mesmo ou utilizaram as passagens (desdobráveis) para passearem com as amantes (fidalgos), “esposas” (saloios) e mulheres (burgueses já feitos), as reportagens das fugas à socapa nos fins de semana que apanhou desprevenidos os velhos e os novos leões defensores da populaça, a falta de quorum em algumas votações, a quantidade de assinaturas fantasmas assentadas no livro de presenças, a ausência dos mediáticos por via de estarem a dar dias noutros lugares de boas remunerações, os pedidos para irem à bola com faltas justificadas e pagas, o enriquecimento rapidíssimo de alguns líderes parlamentares desde logo justificado e desmentido pelos próprios dentro e fora dos tribunais, a propaganda ao queijo Limiano, as brigas infinitas por causa de biscoitos com mofo, a estátua da República com as mamas de fora, etc., foram as descargas (não encontro outra palavra) que fizeram abalar a ideia de casa séria. É verdade que correram sérios riscos quando o povo revolucionário (1976) os cercou e os quis escalpelizar, mas bolas, não era preciso chegar a tanto. O Parlamento deixou de ter interesse. A malta, agora, quer é saber onde é que o primeiro-ministro passa as férias , com quem e pouco mais. É uma espécie de Casa da Música onde ninguém toca por falta de verba e de instrumento. Onde estão os grandes actores que nos faziam seguir atentamente as variantes da sua lógica polivalente? Será que é lá onde vão pernoitar como disse um popular? Estou a meter água, o lúcido popular referia-se à Legislativa Regional! Ah, como eu gostava tanto de ter sido deputado! Mas, com um povo destes... nem é preciso censura!
manuelmelobento
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Saturday, September 09, 2006


CRÓNICAS ATRASADAS

O BEDAME AGUÇADO

A temperatura desceu mas o PSD/Açores continua agonizante. Tem falta de ar? Não! , tem é falta de programa próprio, isto porque o Partido Socialista ainda o deixa respirar. Nunca a social-democracia esteve tão à deriva como agora. O PSD/Açores tem agenda, mas esta está descrita com antecedência no bloco de notas do PS. Como pode ser? Sente-se o descaramento ou a espionagem que por aqui grassa: os socialistas sabem todos os passos que dão e irão dar os social-democratas. Estes dependem daqueles para actuarem. Neste momento, sem estratégia, arrastam-se atrás das migalhas que os socialistas vão deixando cair de um banquete que já dura (e está para durar mais) dez anos. Agora querem que Carlos César lhes apresente contas. Este nega-as! Não lhes dá troco. Acicata-os, como que a impedi-los de meterem o nariz onde não são chamados. Costa Neves reúne-se com o seu Estado Maior para num socorro aos media regionalizados acusar de abuso de confiança o Governo. César esfrega as mãos de contente pois conseguiu rebocá-los para onde ninguém quer saber deles. Uma espécie de Buraco Negro, ao jeito de João Magueijo. Entrando neles dificilmente se sai. Pelo menos da mesma maneira que se entra. Que números são esses de tão secretos que a oposição não consegue descobrir e que dizem respeito à Segurança Social? Esses números estão ao dispor de quem quiser pôr-lhe os olhos em cima. Só que o PSD/A gostaria de os receber directamente das mãos dos colaboradores de César para poder barafustar com eco na comunicação social. Nova zanga! Bedame nas mãos andam socialistas e social-democratas para ver quem primeiro fura o barco do adversário. A Câmara Municipal de Ponta Delgada (PSD) apresentou o projecto do terminal rodoviário. As forças da oposição e o público em geral ficaram a conhecê-lo ao mesmo tempo. O PS não gostou. Amuou! Uns amuam enquanto outros ficam zangados. É uma nova maneira de fazer política. É bom para a situação, mas é mau para a oposição. Se vão parar a tribunal por via de queixa dos social-democratas, é preferível saber se não irão cair no ridículo, uma vez que o executivo de César – parece – não tem uma contabilidade fantasma. Isso era costume numa outra ilha não atlântica mas mediterrânica.
PS: o que faz falta ao PSD/A são tribunos que se façam ouvir e que tenham créditos junto à malta. Já lá vai o tempo de Jorge Nascimento Cabral lido e ouvido. Mas isso eram outros tempos!
manuelmelobento
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Wednesday, September 06, 2006


A DATA
No passado dia 4 de Setembro, a RTP/Açores resolveu sair à rua e levar a efeito um pequeno inquérito a 176 metros lineares de distância da sua sede. Sabe que data é hoje? É senhora não me lembro! É senhora não me lembro! É senhora, sei lá. Então, o senhor não sabe o que é a Assembleia Legislativa dos Açores? É senhora, não sei! Só sei que é lá que eles dormem. Esta foi a última resposta de um popular micaelense. Espere lá leitor! Uma senhora de fino porte respondeu acertadamente. Já estava a cometer um erro tremendo! Ficou “provado” que em São Miguel 75% da população que fala não sabe o que aquela citada data representa, como também desconhece para que serve. Eu, pessoalmente e reforçadamente, também não sei. Hoje, dia 6 de Setembro, o Presidente daquela prestigiada instituição concedeu uma longa entrevista a um jornal micaelense. Não disse nada de novo que valha a pena ser realçado. O costume! Estava a fazer o papel que o destino para ele escolheu como acontece a qualquer mortal que se preze e seja respeitador da ordem estabelecida, quer se trate da ordem política quer se trate da ordem religiosa ou outras. Porém, e com muito esforço, eu consegui vislumbrar uma ideia algo valiosa que me ia escapando: o senhor Presidente da Legislativa solicitava o favor de a população em geral poder intervir democraticamente na feitura de um texto (creio) contribuindo assim para ajudar os deputados regionais na sua importante tarefa. Mal acabei de ler as palavras do nosso maior rebolei-me a rir que nem um perdido. Confesso que até chorei. Mais calmo, resolvi engendrar mais uma crónica e como faço geralmente completo-a com algumas achegas. Ora aqui vai: fica provado - a não ser que apaguem os indícios – que o povo é alheio (ignorante) às coisas da política (estou a falar como micaelense e de micaelenses) e os políticos estão a leste do povo que os elege. Mais uma vez fica provado que os micaelenses estão a ser muito mal representados no local onde pensam (ou deviam pensar) os seus intérpretes. Fica também provado que os políticos não vêem televisão do Estado quando esta está disponível para os informar do resultado da sua actividade junto àqueles que os elegem (nomeiam). Senão não diziam disparates sem sentido e sem ligação com a realidade social. A RTP/Açores, ao apresentar uma miserável peça (no sentido de pobreza franciscana), acabou por prestar mais um serviço na caracterização da nossa mentalidade. E ela tem representantes, como não podia deixar de ser.......
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Monday, September 04, 2006

"TOMARA EU SER ESPANHOL”

Com a tomada de posição do eng. Sócrates em relação ao Partido Socialista, tudo leva a crer que o PS se venha a transformar numa nova ANP. Isto é, Acção Nacional Popular que tinha como chefe e condutor da política nacional portuguesa um só homem: Marcelo Caetano. Com o Presidente em Belém a dizer que sim e que sim ao chefe do governo (só falta o padre Felicidade Alves para a missinha oficial nos Jerónimos aos domingos e dias santificados), a diferença está na Guerra Colonial que foi desviada para o Mundo inteiro. “Nem mais um soldado para o Mundo!”, deverá gritar (ou grita) a oposição em mercados e feiras transformados em analogias do passado. Ressalvando as acções do PCP que procura transformar-se na única oposição credível sem o conseguir, porque limitada por um povo que não evolui a não ser na Fé ao Senhor, Portugal está na mesma. O pior é que ninguém tem culpa. É de realçar a peregrinação do Bloco de Esquerda, que num acto de rara inspiração “godofrediana” resolveu percorrer o país com ladaínhas e cânticos salvíficos à laia de sector secundário despedido mas com os custos de sobrevivência cobertos pela Segurança Social. Não comparando parece estarmos a ver a Convenção Democrática em Aveiro daquele tempo... As grandes centrais sindicais com o dinheiro do Estado vão fazendo um papel já gasto. É olhar-se para os mesmos saca-de-aparas que as dirigem há mais de trinta anos e com a mesma conversa de sempre. Quem os vê de fora até pode jurar que são avençados pelo Estado. Está tudo concertado para que as vozes que destoam tenham o seu tempo de actuação sem sobreposição. É que nas barbas destes eternos defensores dos desprotegidos, Portugal está metamorfoseado. Pergunta-se, então, para que servem se não conseguem levar a água ao seu moínho? Serão as vozes da consciência há muito reprimidas e que gostam de o ser, só e apenas ser?
NOTA FINAL:
O título destas desordenadas palavras foi colhido logo de manhã na SIC/Notícias, às 11h e 46m, no programa “Opinião Pública” de 4 de Setembro. Disse-o o senhor Joaquim Ferreira, português e telefonista, como desabafo sentido contra aquilo que ele julga ser a caristia da vida com que o embrulharam e o enganaram. Nunca ouvi nada parecido cá pelos Açores. O que não seria se um ilhéu o tivesse proferido em algum órgão de comunicação social, mesmo da privada? Traição, talvez não!
manuelmelobento
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Sunday, September 03, 2006


DEMOGRÉCIA ESTATAL

Cada vez tenho mais pena da comunicação social que se pratica em Portugal. A direcção de programas da RTP1 resolveu levar a tribunal um jornalista que se atreveu afirmar que os telejornais da estação pública recebiam directrizes do Governo português. Aquele não quis revelar as fontes da sua acusação. Seria péssimo se tal acontecesse. Nunca mais ninguém se atreveria a dizer fosse o que fosse e a que pretexto fosse. Ficaríamos como antigamente: só o que era válido era a informação oficial. Isto, apesar de toda a gente saber que se tratava de informação manipulada. Acostumados a viver no sistema da mentira e da prepotência de há muitos anos a esta parte, estes temas passam-nos ao largo. A maioria não quer saber de nada. Quem se mete em política mais cedo ou mais tarde paga a factura. Ou se tem as costas quentes e se é, neste país, um homem livre, ou não as tendo protegidas é-se perseguido e por consequência destruído. A política quer se pratique numa ditadura quer numa democracia traz sempre uma orientação: saber estar com o poder. Quem estiver de fora ou cala-se ou é perseguido. As perseguições são de todo o tipo, sobretudo as de cariz económico. Quando estas não surtem efeito há que servir-se de outros meios de coação que vão desde pressões policiais até à barra dos tribunais. Tudo serve para calar. A democracia portuguesa é ainda uma democracia estatal. De todas as que conheço, esta é a melhor. Já explico. Uma democracia liberal tem como senhores absolutos os representantes do capitalismo. São estes que condicionam a vida dos povos e as suas actividades. Os grandes comerciantes e os grandes industriais dominam o Estado. Elegem os seus representantes em tudo que é poder político e militar. São os donos da comunicação social, das artes, do cinema, do entretenimento e finalmente do pensamento. Não há nada a fazer contra este monstro enquanto a riqueza permitir que a pobreza sobreviva escravizada nas fábricas e nos serviços e se “dê” bem com a situação. Nestes regimes, os muito ricos permitem a existência de bolsas de intelectuais ditos e assumidos de esquerda. Uma autêntica fantochada, pois estes “seres superiores” são pagos pelos cheques dos... muito ricos. Tudo anestesiado. Tudo bem! Existem outros regimes ditos democráticos que duram muito pouco dado que forças externas os forçam a mudar de rumo. Vamos; então, à democracia estatal que é esta que nos diz mais respeito. Enquanto Portugal tiver a possibilidade de assumir a representação de uma extrema direita, uma direita, uma esquerda materialista, uma esquerda doméstica-centrista, uma extrema esquerda e outros do tipo: verde-amarelo, não haverá uma ditadura propriamente dita que escandalize a “intelectualidade indígena”... O director de programas da estação oficial que hoje ameaça um jornalista do regime, qual puta ofendida, amanhã, deverá ser perseguido e levado à barra... não escapando à regra: hoje meu amanhã teu, se não te importas. Regra que é só nossa, digo desta democracia estatal que ainda não é uma ditadura, embora, às vezes, lhe falte inteligência à vista... desarmada.
manuelmelobento

Friday, September 01, 2006


SÃO SÓ SETE SEGUNDOS

Resolvi ir para a rua e realizar um tipo novo de inquérito. Deu-me para isto. Explico. Minha senhora, posso fazer-lhe uma pergunta muito simples e muito rápida? Caro senhor, posso fazer-lhe uma pergunta muito simples e rápida? Como é fácil de prever, eu dirigia-me tanto a homens como a mulheres. Faça! Vou dar-lhe sete segundos para me responder ao seguinte: diga-me o nome do presidente do Partido Social Democrata dos Açores? Ninguém conseguiu acertar, ou porque passava o tempo de resposta ou porque não sabia/não se lembrava. Não sendo eu um analista de sondagens, o que vou dizer a seguir deve-se apenas à intuição e ao imediatismo oportunista de cronista que com os anos me tornei. Carlos Costa Neves está para a direita açoriana como Manuel Monteiro está para o Partido Popular sem o seu centro. O mesmo é dizer CDS. Manuel Monteiro apercebendo-se que o CDS-PP era formado por uma direita tipo mausoléu, e espreitando o seu actual estádio de exanimação arrancou com uma campanha política que até foi glosada por Vasco Pulido Valente como sendo próxima do ridículo. Ei-lo de pé ou a cavalo a entregar uns folhetos para alertar o bom povo de direita (já não se sabe onde é que se encontra) para a nova mensagem salvadora. Ninguém ligou pevide ao que o antigo líder disse e os jornais referiram-se à sua acção como quem anuncia uma missa que tem por costume informar o quanto está bem enterrada a alma de alguém. A época foi mal escolhida. O Sol queima, a sede aperta, as praias abarrotam de colestróis, as farmácias fornecem a pílula dos sete últimos dias sem subsídio e não se prevê nenhuma aparição para os próximos tempos do Messias judaico enquanto o Hezbollah não desarmar. As televisões também estão de férias. Por isso reinventam diariamente o folhetim do trimarã e o da pobre miúda que fora raptada há dez anos por um criminoso que entretanto se suicidara. É época de descanso, não se pode esperar muito. Carlos Costa Neves tem uma coluna semanal de onde faz a sua política a solo. Os companheiros de partido pouco ou nada falam dele nem sobre ele escrevem. Parece que não existe. Lá de vez em quando um qualquer jornalista limita-se a desenhar uma pequena aguarela onde lá vem ele numa posição muito incómoda. Pois onde está Costa Neves aparece a sombra de Berta Cabral a incomodar. Não sei até que ponto não estaríamos a viver uma política muito mais activa se Natalino de Viveiros tivesse ficado à frente dos destinos do PSD/A aquando do último “referendo” deste agora partido doméstico. Certamente que os dirigentes do Partido Socialista não teriam tanto tempo de férias grandes. Nem tão pouco haveria uma época tão prolongada de amamentação. Costa Neves está sozinho e está como o precursor de si mesmo. Manuel Monteiro faz o mesmo lá para as bandas da Europa portuguesa. Manuel Monteiro está de “fora” do CDS-PP mas tem o PND para se entreter. Costa Neves nem isso tem. Talvez por essa razão os sete segundos não cheguem para ser reconhecido pela malta de São Miguel.
manuelmelobento
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