Saturday, December 30, 2006

MATAR É QUE ESTÁ A DAR

O Ocidente é hoje, com o assassinato do Chefe de Estado iraquiano, cúmplice declarado da política criminosa dos Estados Unidos da América. Lava-se as mãos declarando estar-se contra a pena de morte depois de acompanharmos tropas que assassinaram mulheres e crianças nos seus próprios lares. Lava-se as mãos depois dos aeroportos europeus terem servido de prisão-estalagem-temporária a actos de pirataria e de rapto de pessoas inocentes. Para quando o julgamento de George Bush e do bando dos três (Blair, Barroso e Aznar) que levaram o mundo a um permanente estado de guerra sem códigos nem Convenções de Genebra? Espero que Ana Gomes, no Parlamento Europeu, não os largue tão cedo até formalizar uma acusação sólida que os leve ao banco dos réus. A que Deus pediu ajuda Bush para destruir uma nação à base de assassinatos e desrespeito pela dignidade humana? Àquele que também tem sucursais na Europa!?! Perdemos a vontade de respeitar estas democracias de morte e de desolação. E sem vontade, resta-nos o medo de viver nesta insegurança permanente. Estou invadido pelo medo a tal ponto que receio publicar este texto não vá o criminoso do George Bush mandar um avião dos seus aterrar em Ponta Delgada e apanhar-me à má fila. Pensando bem, até que não era mau de todo, se voltasse vivo… Talvez, com tal publicidade, viesse a vender mais livros que a Carolina Salgado, já que eu, neste ano de 2006, só consegui impingir trinta e um exemplares da minha lavra. No Café Clipper, onde tenho alguns amigos só vendi um… Safa!
PS(1) - Saddam Hussein mostrou dignidade ao enfrentar a morte.
PS(2) - A postura de Mário Soares perante a condenação à morte do Chefe de Estado do Iraque faz toda a diferença. Ainda bem que há quem entre nós tenha a ideia de Civilização.
manuelmbento
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Thursday, December 28, 2006


VERDADES LÓGICAS
A Bento XVI, um intelectual reconhecido por José Pacheco Pereira como um dos maiores mestres do pensamento ocidental, foi colocada a questão do património do carpinteiro José. Finalmente, sabe-se que tinha propriedades e dinheiro. Em Belém, quando pensavam pernoitar (ele e Maria), procuraram um hotel para se instalarem. O hotel estava cheio e não os podia alojar. Os preços aplicados pela gerência eram, na altura, excessivos para a bolsa dos pobres. O que não era o caso de José e da sua segunda esposa. Só rasurando o Novo Testamento é que se pode afirmar da pobreza de Jesus. Tratou-se mais de um acaso do que propriamente um destino à laia dos pregadores posteriores. Ao Comércio Tradicional caíu como ginjas na caixa registadora esta descoberta. O Menino Jesus era classe média alta. Um carpinteiro ao tempo era uma espécie de arquitecto de interiores. Jesus estudou nas melhores escolas. Dominava várias línguas e dialectos. Enquanto que os seus companheiros eram analfabetos e só com as línguas de fogo caídas do Céu é que começaram a dominar línguas. Esses sim, eram pobres. Muito pobrezinhos. Nem um burro tinham. Ou por outra, nem dinheiro tinham para comprar um par de cuecas quanto mais um burro que era um artigo de luxo só acessível às classes abastadas. Um burro equivaleria a um carro abaixo de topo de gama...
Aqui fica o reparo. Também, só assim se justifica a riqueza acumulada em Roma que se projecta nas ricas vestes dos sacerdotes e sumo sacerdotes e outras riquezas amealhadas. Pobrezinho não, que ofende!
manuelmbento
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Wednesday, December 20, 2006


NA SOMBRA DA RAZÃO

Peça moderna dando início à corrente literária denominada pincelismo.
Autor: abaixo assinado
Personagens: o que se pôde arranjar

ANÁLISE CAP. I

Procuradora
Que pretende?
Bexiga
Apresentar queixa, cara e sólida magistrada.
Procuradora
Diga lá!
Bexiga
Veja-me este braço partido...
Procuradora
Sabe quem o agrediu?
Bexiga
Dois energúmenos à la Costa Nossa.

FUTURAÇÃO (?)

5 anos depois

Bexiga é nomeado administrador da Caixa Geral dos Depósitos, na secção do anonimato.
Carolina Salgado fez uma operação plástica ao nariz.
Pinto da Costa é reeleito Presidente do Futebol Clube do Porto.
O Gondomar Futebol Clube ascendeu à Primeira Liga.
O Major Valentim esmaga os adversários políticos na corrida à CG com uma percentagem de votos aproximada dos setenta por cento.
Maria José Morgado é vítima de novo processo disciplinar por ter sido apanhada a fumar no edifício do Tribunal da Relação.
Cavaco Silva apresenta a estatística sobre a inclusão.
Maria Cavaco Silva é vítima de um boato que a coloca nas primeiras páginas da imprensa cor de rosa. Está grávida dizem.
Sócrates é o comissário da moda na ONU.
O engenheiro-deputado Cravinho, com setenta e quatro anos de idade, apresenta mais um projecto contra a corrupção.
O filho do mesmo engenheiro Cravinho continua ssecretário de Estado do Governo Central.
Carlos Cruz é acusado de ter tido relações com uma freirinha clarissa, quando esta ainda era alternadeira.
Manuel Alegre, com duas reformas legais, abriu no Bairro Alto uma casa de Fados de parceria com Almeida Santos.
Dom José Policarpo confirma o último milagre de João Paulo II. Foi visto no Céu acompanhado pela Irmã Lúcia, quando esta se dirigia para uma das universidades celestiais onde vai apresentar a tese de doutoramento: “O exame grafológico em Maria”
Carmona Rodrigues tem um caso com uma vereadora.
Carlos César reconhece oficialmente que nunca foi socialista.
Alberto João Jardim defende a sua tese de doutoramento “A Diplomacia na Madeira” na Universidade Livre da Madeira.
O Professor Marcelo confessa que nunca leu um livro até ao fim.
Natalino Viveiros compra o Açoriano Oriental e a Crença da Vila.
Jaime Gama fez exame à próstata.
José Hermano Saraiva apresenta queixa ao Provedor dos Telespectadores contra Carlos Melo Bento, acusando-o de plagiar o gesto.
Osvaldo Cabral é acusado pela esquerda reaccionária de assassinar politicamente os seus entrevistados.
O Padre Weber Machado nunca mais deu boleia de carro a ninguém.
José Eduardo Moniz proibiu a mulher de se identificar.
O povo português votou a favor do aborto clandestino.
É diagnosticada a doença de Alzheimer em Dom Duarte Pio.
Descobriu-se mais um testamento: o Menino Jesus quando nasceu tinha a idade do Universo. O papá José foi obrigado a pagar uma coima por não o ter registado na devida altura.
O Papa Alemão reconheceu que a Morte de Cristo não devia ser chorada porque ele garantira que ela era a brincar visto que ia ressuscitar 72 horas depois.
Durão Barroso escreveu uma carta ao Pai Natal a perguntar de quem era ele pai. O Pai Natal respondeu dizendo que havia três suspeitos. A saber: O Pai do Céu, O Pai José e o Pai Natal. Mas certeza certezinha só Maria é que a tinha.
manuelmbento
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Friday, December 15, 2006


NACIONALISMO E OUTRAS TRETAS II

Esbocei em estilo racionalizável alguns comentários sobre a ideia geral de nacionalismo. Entendi (epocalmente) que este é apanágio de classe. Mais propriamente da classe dominante. Trata-se de um pensamento reaccionário. O povo português não tem dado provas de nacionalismo. Que o povo tem demonstrado, em épocas de crise, que a luta de classes existe não dá para contestar. Acontece nas épocas de crise e pára pouco depois. Porém, luta de classes nada tem a ver com nacionalismos a não ser quando a burguesia canaliza o berro popular para outros fins. Aconteceu em 1890 aquando do roubo das terras do Mapa Cor-de-Rosa pela escumalha inglesa e a burguesia enfeitou o facto com manifestações nacionalistas circunscritas a Lisboa e pouco mais. Tais manifestações tiveram lugar na velha Praça do Rocio. O resto da populaça esteve-se nas tintas para a geografia e para o nacionalismo. O nacionalismo é um acto burguês que elevado à categoria (máxima potência) de exacerbação pode tornar-se muito perigoso quando manipulado. Bem tentam os bem falantes formatá-lo permanentemente mas sem sucesso. Acontece o mesmo com a luta de classes. É que se tal fosse possível a teoria marxista acabaria por ser certa e verificaríamos a extinção das classes tomar assento no terreno do real. A sociedade sem classes seria o ideal. Mas para isso teríamos de programar o homem de novo. Não creio ser possível! Houve, ao longo da história, várias tentativas para realizar a tal sociedade ideal, porém, acabaram sempre por dar em nada. A Revolução Francesa, a Comuna de Paris, etc. De entre essa corja sanguinolenta emergiu uma burguesia que tão depressa pôde pediu auxílio ao exército prussiano para repor a “sua” ordem. Resultou daqui a chacina de trinta mil (30.000) Comuneiros. A burguesia não tem pátria. Nos últimos trinta e cinco anos a burguesia portuguesa defendeu várias hipóteses. Ei-las: que a Pátria era una e indivisível (para além da faixa ibérica, era composta pelos territórios ultramarinos e pelas ilhas adjacentes). Terroristas e bandidos eram considerados os defensores da independência daqueles territórios. O esforço de guerra levou a que Portugal se desligasse dos territórios do ultramar. O nacionalismo burguês encolheu e os terroristas passaram a heróis. Portugal ficou confinado ao enclave espanhol. Com a economia de rastos, o nacionalismo desapareceu. Havia quem se vendesse à América e quem escolhesse a ex-URSS para patrão. Burgueses inteligentes perceberam que Portugal era Europa pois isso representava um grande negócio. E foi! Na Europa não podemos ser nacionalistas, pois isso é contrário ao espírito da letra dos mentores da União Europeia. Hoje, Portugal só é nacionalista quando está em causa a autodeterminação dos povos das ilhas adjacentes. Porque ainda é negócio a burguesia não tem intenção de largar o balcão atlântico. É tudo uma questão de lucro. Portugal é hoje de quem der mais. Traficantes, proxenetas, corruptos e ladrões emergiram descontroladamente por tudo que é sítio onde haja dinheiro. E eles são políticos, empresários-políticos, homens do futebol-políticos. O Estado português negoceia com empresários, com a Igreja, com o futebol tendo como intermediários os políticos. Estes não são povo estes são os burgueses. Os burgueses tomaram conta da nação.
PS (1):
A indigitação de Maria José Morgado (que já tem a sua idade) para gerir o “Apito Dourado” é um golpe de teatro dos mais caricatos que até hoje se viu cá por casa. Não comparando, isto mais parece um barco que se está a afundar e num repente o armador substitui o comandante. “Vais ao fundo, mas é com outro comandante!” Diz ele para o barco. Esta gente perdeu a noção da realidade. A política é uma porca? Não, há é porcos na política!
PS (2):
Convinha ouvirmos mais vezes o comentarista António Marinho da SIC para ficarmos a saber como é que a maioria dos políticos fez para esticar o vencimento ao ponto de se tornarem milionários.
manuelmbento

Sunday, December 10, 2006


NACIONLIDADE PORTUGUESA OU LISTAGEM DE NECESSIDADES DA BURGUESIA (I)

Que mentalidade se construiu no início da “histórica” nacionalidade portuguesa? Isto é dito assim para utilizar os chavões tradicionais que servem para dar corpo formado a um conjunto de teorias geralmente desligadas do laboratório social. Quando os reis de Portugal procuraram atrair colonos para cobrirem as “extensas” terras desertificadas após um certo entendimento de recuo dos árabes a que se costuma designar de Reconquista Cristã, estariam a pensar caldear povos de diversas geografias, a fim de, com mezinhas à moda da Idade Média, criar uma nação? O povo português é muito mestiço de raças. A sua cor de pele está mais próxima dos magrebinos do que dos nórdicos. Era preciso cultivar os campos para que os senhores das armas, ao tempo, pudessem delas usufruir das riquezas da produção agrícola. À volta dessas terras as comunidades crescem e procriam. A recolha da riqueza produzida concentrava-se nos castelos e casas senhoriais através de lacaios que se armavam para melhor exercerem as tarefas de aprisionamento. Cria-se um espírito de pilhagem da parte dos senhores e de pilhados pela parte dos camponeses-colonos. Tanto para uns como para outros a base de entendimento e convivência são a sobrevivência e a defesa mútuas diferenciadas pelo plano de cada grupo. Este modelo, mais ou menos “modernizado” pela vicissitude da era da “industrialização” por um lado e pelas descobertas por outro, durou até ao 25 de Abril de 1974. O povo pagava “directamente” os impostos aos senhores, pois o Estado alheava-se de o fazer porque para isso era necessário aumentar a pesada e cara máquina burocrática sendo, por isso, a terra entregue aos terratenentes. Era o modelo de exploração mais cordato com a voracidade dos exploradores. O cadastro das terras dos senhores era coisa que se fazia não se fazendo. Aumentar os impostos à fonte de rendimento dos senhores podia originar um maior equilíbrio social. Isso era perigoso. Muito perigoso para a estabilidade económica da classe senhorial. Ao Estado cabia essencialmente tarefas imediatas na recolha de fundos. E estes diziam respeito às trocas comerciais com os territórios ultramarinos e em tudo que era transaccionado na importação de bens de consumo provindo da estranja, prática portuguesa muito rendosa com raízes em antanho. A nacionalidade e o fulgor heróico foram práticas e necessidades da nobreza e do clero sendo acompanhadas mais tarde nesse sentir a partir de Dom João I pela burguesia a quem o primeiro rei da segunda dinastia se havia comprometido e enfeudado comercialmente. As populações ficavam à margem desses interesses “patrióticos” a não ser na altura em que eram necessários para as pelejas pela posse da terra entre os senhores. Nestas circunstâncias não podiam fugir de gritar por São Jorge, deus da guerra da malta que por estas bandas havia substituído o velho Ares. Acabadas as acrobacias pela posse de mais terras a plebe ignara voltava para os campos, onde se entretinha a fornicar, a lavrar, a dormir e a produzir para os senhores. A própria língua latina dos colonizados é uma grande confusão. Dela sai o português que se espalha com distorções por uma área tão pequena. Passam a ser denominados dizeres para facilitar a coisa. Enquanto as populações são desunidas (só em tempo de guerra se entendem os do Norte com os do Sul) e sem uma linha de actuação, só os “proprietários” possuem ideologia de associação. Burgueses e senhores da terra são os verdadeiros nacionalistas. Eles sentem a nacionalidade da posse, única linguagem que compreendem e falam. O clero, ao contrário do instinto dos seus colegas de estatuto, é o que prepara as ideias. É o que transforma o apetite em regra de respeito sagrado. Mesmo para obedecer é preciso alguém para redigir as normas e pensá-las para não dar azo a que haja interpretações que venham a beneficiar a ralé. Esta tem de estar sempre, mas sempre, ao serviço do outro. Só nos períodos de fome e de epidemias é que a coisa ficava feia para o lado dos senhores. Mas passados esses períodos o mundo rural voltava a ficar isolado e submisso. Com a chegada dos judeus que traziam consigo uma cultura mais adequada ao progresso e a novos modelos de pensar, gerou-se alguma tempestade que veio despertar a pasmaceira que por cá se vivia. Durou pouco tempo. A fogueira terminou com qualquer perspectiva de evolução. A Igreja muito atenta, porque muito culta, dominava inteiramente a sabedoria e a ciência condicionando-as. Clero, nobreza e burguesia sempre estiveram do mesmo lado. Falam a mesma linguagem. A esta chamam nacionalismo e dele se autodenominam de mentores. Para o povo, nacionalismo é sobrevivência. O povo fala de sobrevivência, não fala de nacionalismo. Não fala porque não sabe. O Estado Novo é o triunfo moderado do apogeu moderno das ideias medievais. O seu cabeça de cartaz deu voz a essa mentalidade actualizando a metodologia do processo nacional. A Igreja invadiu as Universidades pelo lado das humanidades enquanto que os “cientistas” portugueses passaram a devotos de Fátima e dos milagres do padre Cruz. Quem pensasse sujeitava-se a ver o Sol aos quadradinhos. Bastava pensar fora do modelo pátrio criado por eles e para eles para se ser considerado traidor. Traidor a que valores? Aos valores da classe do poder como não podia deixar de ser! Nacionalismo e valores da burguesia são uma e a mesma coisa.
Continua
manuelmbento
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