Monday, January 29, 2007

Professor, qual é a sua posição acerca do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez?
"No meu tempo, quem tal pusesse como ordem de trabalho, teria a PIDE à perna."
Porquê Professor?
"Porque havia ordem, respeito, religiosidade, amor ao próximo, peregrinações pelos lugares sacrossantos, missas ao domingo e dias santificados e por aí fora..."
O Professor é pelo silêncio?
"Então eu não falava na televisão aos portugueses, nas minhas
Conversas em Família.
Não abre em nenhum caso mão do aborto?
"Claro, no caso da gravidez das mães daqueles garotos que me foram prender no Convento do Carmo. Fora isso, a família deve estar sobre todas as coisas."
Que pensa da Sagrada Família, base espiritual de todas as casas portuguesas?
"É sagrada! Era impensável que Maria fizesse um aborto a pedido de José, que a princípio a julgara violada pelo Centurião. Ora veja-se o que aconteceria à Civilização Ocidental se o padrasto de Nosso Senhor fosse pelo SIM. Íamos todos para o Inferno, menos a Irmã Lúcia.
Obrigado Professor por participar no programa deste blogue.

Posted by Picasa

Saturday, January 27, 2007



CARTA ABERTA A DESCARTES

Meu caro Mestre
Creia-me seu admirador profundo. Não tenho outra intenção ao recorrer ao seu douto e imponderável espírito filosófico senão ser esclarecido. Como sei-o morto vou tentar dialogar consigo utilizando o menos possível habilidades das que uso quando me questiono na falta de melhor interlocutor. Disse o senhor qualquer coisa parecida com “Penso, logo existo!”. Digo parecida porque o Mestre não escreveu em português, uma língua que se costuma dizer que pertence a Camões. Parece-me que a língua devia pertencer a Florbela Espanca que para mim além de ser o maior monstro sagrado do amor nunca copiou nada de ninguém… Portugal é um país pequeno demais para dar pela existência das mulheres, a não ser quando se apresentam com um belo par de pernas. Neste caso põem a cabeça dos machos à roda e assim conseguem “pernidade”. Bem, mas vamos ao que interessa:
Eu pergunto e o senhor responde.
O Mestre pensa?
Descartes
Pensa e existo!
Eu
Pensa sempre bem?
Descartes
Pensa bem e pensa mal.
Eu
O Mestre quer dizer penso bem e penso mal. Não será?
Descartes
Sim. Desculpe.
Eu
Quando (é que) existe, é quando pensa bem ou pensa mal?
Descartes
Existo pensando bem ou pensando mal.
Eu
O Mestre não distingue o pensar bem do pensar mal?
Descartes
Distingo. Para o efeito basta.
Eu
Quando o Mestre pensa mal erra ou acerta?
Descartes
Quando pensa, perdão, quando penso mal erro naturalmente.
Eu
Quando afirmou que “Penso, logo existe!” estava a pensar bem ou mal?
Descartes
Estava a pensar bem. Não acha?.
Eu
Como é que chega a esta conclusão? Será uma ideia inata, factícia ou adventícia?
Descartes
Estou a ver que V. estudou a minha filosofia. Muito bem!
Eu
Estava a copiar…
Descartes
Ah! Bom. É uma ideia inata. Claro.
Eu
Se é inata não admite erro. Será?
Descartes
É óbvio!
Eu
É como a ideia de Deus?
Descartes
Sim!
Eu
Mestre, eu quando penso na sua frase, acho que ela canaliza o pensamento humano para coisas impensáveis. Veja como eu existo, perdão, como eu penso: quando deixar de existir cá por baixo, deixo de pensar. Correcto?
Descartes
Se V. não existir, para que precisa de pensar?
Eu
Se pensar é uma ideia inata, também quando não existir cá em baixo ela naturalmente deixará de existir?
Descartes
V. existirá sempre. Logo o pensamento também não morre.
Eu
Eu sei porque é que o Mestre respondeu assim. É que se as ideias inatas morressem, logo a ideia de Deus, que para si é inata, também morreria.
Descartes
V. tem esperto.
Eu
Mestre, as outras ideias também morrem?
Descartes
No outro mundo as outras ideias não têm utilidade.
Eu
Mestre, então, quando eu partir como é o seu caso, ficarei só com as inatas?
Descartes
Ouça, como é que acha que estou a dialogar consigo? É com ideias que não foram inatas, claro está!
Eu
O Mestre desculpe. Sei que é admirador de Santo Agostinho. Ora deixa-me copiar. Cá está: “O ponto de chegada é a Omnisciência de Deus.” Não acha que nesse ponto de chegada só as inatas é que interessam nessa chegada? Que estar a levar para aí ideias que não interessam a ninguém não tem validade?
Descartes
Estou de acordo. Era um total desperdício e uma perda de tempo.
Eu
Pelo menos estou esclarecido numa coisa: lá para cima levarei o seu penso, logo existo e a ideia de Deus.
Descartes
Ora, vê como é fácil! Acabamos ou há mais questões para o esclarecer?
Eu
Obrigado pela sua paciência. Ora vejamos. Se Deus é uma ideia inata, para que preciso pensar nisso (Nele) com a ajuda de ideias que não são inatas? Inatas serão incompletas? Se para si existir (como ser homem) é pensar, porque se não pensar não existo, acontece que não posso separar os dois conceitos (no que me diz respeito). Acho também ser impossível separar o meu pensamento do de Deus (na sua óptica). No meu entender o Mestre pensa mal quando afirma o penso, logo existo. Digo isto porque V. não sabe o que é a existência. Pode pensá-la, mas não a pode explicar para além das coisas que lhe fornecem ideias não inatas. Para já não discuto as suas ideias inatas. V. também não as discute, porque para si são verdadeiras. Se são verdadeiras para que precisa de as explicar e sujeitá-las ao contraditório? Se pensa bem porque dão azo a que se pense mal? Como é o meu caso!
Descartes
V. é muito confuso!
Eu
Obrigado Mestre! Deixe-me continuar e não ressone, por favor. O Mestre tem razão. Se eu não existir não posso pensar. Se eu quiser pensar tenho de existir, não será?
Descartes
Olha a descoberta!
Eu
Então, resolva esta questão que me atormenta: o Mestre não precisa acreditar numa coisa que faz parte de si, como é a ideia inata de Deus. A ideia de Deus obriga-o a confirmá-la? Que meios utiliza para compreender uma ideia inata? Procura a ideia ou ela vem ter consigo? Se não constrói a ideia inata como pode ela tornar-se distinta das outras que vão crescendo com o contacto com os factos e com a experiência? Precisa compreender a ideia de Deus para a poder difundir? Se não precisa compreendê-la como é que aparece? Será quando atinge a consciência de si? Ela terá, então, uma hora para aparecer. Uma espécie de calendário para entrar ao serviço… Essa ideia cresce com o homem? Uma ideia de Deus para a secção infantil e outra para o estado adulto? Uma ideia inata divina esfumada consoante o crescimento? Uma ideia com facetas? “Eu penso, logo existo!” Tem facetas no entendimento? Todas elas verdadeiras? Ou vão se enchendo com a verdade? Tipo dialéctica platónica impossível de perceber nos degraus que implicam entendimento? Quando a ideia de Deus tomou conta de si, não entrou o Mestre em êxtase? Eu ficaria assim se a possuísse. Não acha? Era uma espécie de orgasmo permanente. Eu, por exemplo, quando penso na doutora Marta Crawford (bela sexóloga da TVI) entro em êxtase temporário. Antigamente era com a Miss Monroe. Mas são ideias que vão e vêm. Não são inatas. Deviam ser! Quando essas ideias se vão, deixo de existir naquela parte? Quando o pensamento ficar muito reduzido a minha existência também ficará muito pequenina? Quando o doutor António Damásio desligar o meu cérebro e me puser a viver vegetativamente eu já não existo? Não devia ir por aí, pois o Mestre não o conhece. Não acha? Mestre!!! Já dorme, o raio do homem! Bons sonhos pensados que é como quem diz boa existência…
manuelmelobento









CARTA ABERTA A DESCARTES

Meu caro Mestre
Creia-me seu admirador profundo. Não tenho outra intenção ao recorrer ao seu douto e imponderável espírito filosófico senão ser esclarecido. Como sei-o morto vou tentar dialogar consigo utilizando o menos possível habilidades das que uso quando me questiono na falta de melhor interlocutor. Disse o senhor qualquer coisa parecida com “Penso, logo existo!”. Digo parecida porque o Mestre não escreveu em português, uma língua que se costuma dizer que pertence a Camões. Parece-me que a língua devia pertencer a Florbela Espanca que para mim além de ser o maior monstro sagrado do amor nunca copiou nada de ninguém… Portugal é um país pequeno demais para dar pela existência das mulheres, a não ser quando se apresentam com um belo par de pernas. Neste caso põem a cabeça dos machos à roda e assim conseguem “pernidade”. Bem, mas vamos ao que interessa:
Eu pergunto e o senhor responde.
O Mestre pensa?
Descartes
Pensa e existo!
Eu
Pensa sempre bem?
Descartes
Pensa bem e pensa mal.
Eu
O Mestre quer dizer penso bem e penso mal. Não será?
Descartes
Sim. Desculpe.
Eu
Quando (é que) existe, é quando pensa bem ou pensa mal?
Descartes
Existo pensando bem ou pensando mal.
Eu
O Mestre não distingue o pensar bem do pensar mal?
Descartes
Distingo. Para o efeito basta.
Eu
Quando o Mestre quando pensa mal erra ou acerta?
Descartes
Quando pensa, perdão, quando penso mal erro naturalmente.
Eu
Quando afirmou que “Penso, logo existo!” estava a pensar bem ou mal?
Descartes
Estava a pensar bem. Não acha?.
Eu
Como é que chega a esta conclusão? Será uma ideia inata, factícia ou adventícia?
Descartes
Estou a ver que V. estudou a minha filosofia. Muito bem!
Eu
Estava a copiar…
Descartes
Ah! Bom. É uma ideia inata. Claro.
Eu
Se é inata não admite erro. Será?
Descartes
É óbvio!
Eu
É como a ideia de Deus?
Descartes
Sim!
Eu
Mestre, eu quando penso na sua frase, acho que ela canaliza o pensamento humano para coisas impensáveis. Veja como eu existo, perdão, como eu penso: quando deixar de existir cá por baixo, deixo de pensar. Correcto?
Descartes
Se V. não existir, para que precisa de pensar?
Eu
Se pensar é uma ideia inata, também quando não existir cá em baixo ela naturalmente deixará de existir?
Descartes
V. existirá sempre. Logo o pensamento também não morre.
Eu
Eu sei porque é que o Mestre respondeu assim. É que se as ideias inatas morressem, logo a ideia de Deus, que para si é inata, também morreria.
Descartes
V. tem esperto.
Eu
Mestre, as outras ideias também morrem?
Descartes
No outro mundo as outras ideias não têm utilidade.
Eu
Mestre, então, quando eu partir como é o seu caso, ficarei só com as inatas?
Descartes
Ouça, como é que acha que estou a dialogar consigo? É com ideias que não foram inatas, claro está!
Eu
O Mestre desculpe. Sei que é admirador de Santo Agostinho. Ora deixa-me copiar. Cá está: “O ponto de chegada é a Omnisciência de Deus.” Não acha que nesse ponto de chegada só as inatas é que interessam nessa chegada? Que estar a levar para aí ideias que não interessam a ninguém não tem validade?
Descartes
Estou de acordo. Era um total desperdício e uma perda de tempo.
Eu
Pelo menos estou esclarecido numa coisa: lá para cima levarei o seu penso, logo existo e a ideia de Deus.
Descartes
Ora, vê como é fácil! Acabamos ou há mais questões para o esclarecer?
Eu
Obrigado pela sua paciência. Ora vejamos. Se Deus é uma ideia inata, para que preciso pensar nisso (Nele) com a ajuda de ideias que não são inatas? Inatas serão incompletas? Se para si existir (como ser homem) é pensar, porque se não pensar não existo, acontece que não posso separar os dois conceitos (no que me diz respeito). Acho também ser impossível separar o meu pensamento do de Deus (na sua óptica). No meu entender o Mestre pensa mal quando afirma o penso, logo existo. Digo isto porque V. não sabe o que é a existência. Pode pensá-la, mas não a pode explicar para além das coisas que lhe fornecem ideias não inatas. Para já não discuto as suas ideias inatas. V. também não as discute, porque para si são verdadeiras. Se são verdadeiras para que precisa de as explicar e sujeitá-las ao contraditório? Se pensa bem porque dão azo a que se pense mal? Como é o meu caso!
Descartes
V. é muito confuso!
Eu
Obrigado Mestre! Deixe-me continuar e não ressone, por favor. O Mestre tem razão. Se eu não existir não posso pensar. Se eu quiser pensar tenho de existir, não será?
Descartes
Olha a descoberta!
Eu
Então, resolva esta questão que me atormenta: o Mestre não precisa acreditar numa coisa que faz parte de si, como é a ideia inata de Deus. A ideia de Deus obriga-o a confirmá-la? Que meios utiliza para compreender uma ideia inata? Procura a ideia ou ela vem ter consigo? Se não constrói a ideia inata como pode ela tornar-se distinta das outras que vão crescendo com o contacto com os factos e com a experiência? Precisa compreender a ideia de Deus para a poder difundir? Se não precisa compreendê-la como é que aparece? Será quando atinge a consciência de si? Ela terá, então, uma hora para aparecer. Uma espécie de calendário para entrar ao serviço… Essa ideia cresce com o homem? Uma ideia de Deus para a secção infantil e outra para o estado adulto? Uma ideia inata divina esfumada consoante o crescimento? Uma ideia com facetas? “Eu penso, logo existo!” Tem facetas no entendimento? Todas elas verdadeiras? Ou vão se enchendo com a verdade? Tipo dialéctica platónica impossível de perceber nos degraus que implicam entendimento? Quando a ideia de Deus tomou conta de si, não entrou o Mestre em êxtase? Eu ficaria assim se a possuísse. Não acha? Era uma espécie de orgasmo permanente. Eu, por exemplo, quando penso na doutora Marta Crawford (bela sexóloga da TVI) entro em êxtase temporário. Antigamente era com a Miss Monroe. Mas são ideias que vão e vêm. Não são inatas. Deviam ser! Quando essas ideias se vão, deixo de existir naquela parte? Quando o pensamento ficar muito reduzido a minha existência também ficará muito pequenina? Quando o doutor António Damásio desligar o meu cérebro e me puser a viver vegetativamente eu já não existo? Não devia ir por aí, pois o Mestre não o conhece. Não acha? Mestre!!! Já dorme, o raio do homem! Bons sonhos pensados que é como quem diz boa existência…
manuelmelobento






Posted by Picasa

Thursday, January 18, 2007





A CRESCER

O líder do PSD/A tem vindo ultimamente a mostrar uma faceta inédita como “director executivo” do maior partido da oposição. De uma linha pontualmente focalizada num ponto ou noutro de fraca repercussão nas águas estagnadas desta mornaça socializada, ei-lo a saltar para um combate de características mais ideológicas do que partidárias. Parte para a denúncia daquilo que há muito foi implantado nos Açores: a republicazinha socializada dependente de uma central planificadora, onde a economia obedece a interesses estranhos aos Açores, excepção feita na subárea da Segurança Social, mais propriamente na sustentação indirecta do emprego e do apoio aos mais carenciados. Nestes campos, poder-se-á dizer que o êxito é bastante sensível. De resto, o investimento público e os seus parceiros de (quase) sempre são fautores da ordem aparente que nos vai aparando. São Miguel, a ilha mártir, pois teve de esperar pelo crescimento harmónico de algumas ilhas-do-relaxe-e-do-descanso, aguarda que o equilíbrio também penda para o lado dela. Forçar a nota no combate ideológico vai certamente descobrir a careca à sovietização declarada do território açoriano. É mais fácil, nos dias de hoje, um helicóptero das FAP levar um corvino a uma clínica dentária da Terceira do que uma ambulância, no território europeu de Portugal, ir de uma localidade a outra para tentar salvar a vida de um sinistrado vítima de combóio numa qualquer passagem de nível sem guarda. Não é tão bom! Hoje, com a conversão de Portugal ao capitalismo selvagem (flexisegurança? Uma ova!), o território socializado açoriano aguarda com certa apreensão a mudança no seu processo de vivência. Se esses ventos - que já cheiram a insegurança - se instalarem entre nós com a velocidade com que já rodopiam pela metrópole, as ilhas-do-relaxe-e-do-descanso vão ver de longe a capacidade com que os micaelenses vibram com a economia de mercado e com os seus resultados. É um hábito produzir e trabalhar em São Miguel mais do que em qualquer outra ilha. Até nos chamam de japoneses de tanto fossar. Ora, o dr. Carlos Costa Neves não quererá abreviar a queda da nossa Cortininha de Ferro, pois isso seria fazer um favor ao PS. Deve caber ao socialismo português descalçar a bota, cuja medida nos impôs à custa do silêncio dos colaboracionistas… Existe, também, uma faceta que nos vai permitir realçar muito caladinhos as nossas particularidade e identidade que tanto trabalho deram à “intelligenzia” portuguesa de esquerda para fazer fenecer. Agora o sinal é de ideologia contrária, isto é, vamos ser engolidos na mesma, mas já sem sobressaltos. O novo regime capitalista muda e nós mudamos também. Como sempre fomos uns perfeitos acomodados, imbecis, descerebralizados e oportunistas de raiz, não nos vai ser muito difícil passar as passas do Algarve. Venham elas que a malta (o povo que aplaude tudo que mexe) acomoda-se. Deixe-se estar doutor que o voto pô-lo-á em Santana sem ter necessidade de seguir essa via…
manuelmelobento

Saturday, January 13, 2007




No Centro Municipal de Cultura de Ponta Delgada está presente uma exposição de pintura do arquitecto Soares de Sousa. As últimas obras deste artista denotam uma certa irreverência e uma tendência para levar os “leitores” a não se ficarem apenas pelas “ilustrações” presentes com que vagueia por espaços da nossa realidade social. O “leitor” é levado a fazer-se criativo, participativo e crítico tal é a empatia com que na sua própria pedagogia ele nos torna mais atentos Fala-nos uma experiência de anos a ver e a ajudar a ver, e tudo isto a pintar e não só.
manuelmbento
Posted by Picasa

Friday, January 05, 2007



A Dona Maria José Morgado e o senhor Saldanha Sanches, a nova esperança…


A Dona Maria José Morgado e o senhor Saldanha Sanches - repescados das profundezas do MRPP/PRTP - são a nova cara da Justiça. No tempo do "perigoso" PREC, alinharam com as teses da Ditadura do Proletariado. Como todos aqueles que são minimamente informados sabem, esta “ditadura” baseia-se numa luta de morte entre explorados e exploradores tendo em vista uma só classe. Que eu saiba, nenhum deles, até hoje, deu o dito pelo não dito. Daí que ao colocar à frente do processo do Apito Dourado a Dona Maria José Morgado, o senhor Monteiro, Procurador Geral da República, mais não fez do que afirmar ao país que agora é que a Justiça em Portugal ia levar a cabo uma tarefa que foi descurada por todos aqueles que ocuparam os lugares a quem competia aplicar a Lei. Saldanha Sanches, é, hoje, um fiscalista que trabalha para o Estado Democrático de Direito que é o que é Portugal de hoje. Melhor dizendo, o Portugal saído da Revolução dos Cravos (Democracia Burguesa). Vejamos se se percebe a coisa. Uma Justiça que falhou deve apresentar uma desculpa qualquer. Incompetência? Estupidez? Inoperância? Cumplicidade? Negligência? Outras coisas? Qualquer uma destas hipóteses tem de ser julgada sob pena de não haver culpados na própria instituição. Culpados de qualquer coisa não o foram. Passou-se uma esponja no passado da actividade dos magistrados e segue-se adiante. A nova cara aí está! Como é que vai ser? À MRPP? Não o creio! Como a Dona Maria José Morgado se tornou numa figura mediática e que de certo modo encarna a luta contra os prepotentes sempre é de bom-tom dar aos papalvos que engrossam a lista dos injustiçados esperanças de uma igualdade de direitos e deveres. A Justiça não pode andar a reboque do jornalismo indecente que entre nós se pratica pois obriga-se a elaborar o seu calendário de arrasto às apetências da curiosidade que mais atrai as audiências sedentas de escândalos e de julgamentos na praça pública. É o que tem acontecido. Apressar os processos de acordo com a publicidade não é fazer justiça. A justiça faz-se com tempo e com provas. Cabe ao Estado fornecer provas contra os eventuais culpados. Acusa-se com provas e depois estas terão de ser ratificadas nos lugares próprios. E há recursos de sentenças a várias instâncias. Estou a lembrar-me da sentença de Saddam Hussein. Julgar para agradar aos senhores da guerra económica… A Justiça não tem que agradar a ninguém. Muito menos, como é no nosso caso, um agradar para desviar atenções. O Procurador Geral não foi eleito. Foi escolhido por uma panóplia de interesses a que não estão inocentados os senhores da política que o mesmo é dizer-se os partidos que por sua vez estão ao serviço de clientelas poderosíssimas. Se Maria José Morgado fosse indigitada em vez de Monteiro, talvez se pudesse acreditar numa mudança. Já não é a primeira vez que ela ocupa cargos de responsabilidade. E o que daí resultou? Em termos de justiça nada. Demitiu-se ou demitiram-na. A boa imagem da justiça portuguesa não pode estar centralizada numa única mão. Se ela voltar a falhar será a emenda pior que o soneto. A Justiça é uma instituição de ordem geral. Tratou-se de mais uma manobra para atirar poeira para os olhos. Imaginemos que da actuação da actual magistrada sejam acusados e presos três ou quatro ícones e frequentadores das primeiras páginas de tudo que é comunicação. E depois? A justiça não se caracteriza por perseguir decibéis. Por que razão não se colocou o fiscalista da extrema-esquerda à frente das investigações que se “fazem” na lavagem de dinheiros provenientes do tráfico de armas, da droga e dos negócios do submundo das imobiliárias que circulam na banca? Era o punhas! Deixam-no dizer algumas verdades nos telejornais para alegria da populaça e descanso dos grandes interessados. Ele mesmo presta-se a isso. Uma pobreza franciscana. Está o país parado à volta de duas grandes penalidades e do desfecho do romance entre um príncipe do Porto e uma corista que deu para o torto. No intervalo, vamos torcendo pelo êxito da nossa diplomacia (externa) representada pelo Mourinho. Ah, ia-me esquecendo da deputada europeia Ana Gomes a quem coube a tarefa moral de denunciar os crimes contra os Direitos Universais do Homem imputados aos americanos! Mas até sobre isso disse o Presidente do Governo Regional dos Açores (que representa o pensamento dos socialistas) que se tratava de aparições.
manuelmbento
 Posted by Picasa