Friday, September 01, 2006


SÃO SÓ SETE SEGUNDOS

Resolvi ir para a rua e realizar um tipo novo de inquérito. Deu-me para isto. Explico. Minha senhora, posso fazer-lhe uma pergunta muito simples e muito rápida? Caro senhor, posso fazer-lhe uma pergunta muito simples e rápida? Como é fácil de prever, eu dirigia-me tanto a homens como a mulheres. Faça! Vou dar-lhe sete segundos para me responder ao seguinte: diga-me o nome do presidente do Partido Social Democrata dos Açores? Ninguém conseguiu acertar, ou porque passava o tempo de resposta ou porque não sabia/não se lembrava. Não sendo eu um analista de sondagens, o que vou dizer a seguir deve-se apenas à intuição e ao imediatismo oportunista de cronista que com os anos me tornei. Carlos Costa Neves está para a direita açoriana como Manuel Monteiro está para o Partido Popular sem o seu centro. O mesmo é dizer CDS. Manuel Monteiro apercebendo-se que o CDS-PP era formado por uma direita tipo mausoléu, e espreitando o seu actual estádio de exanimação arrancou com uma campanha política que até foi glosada por Vasco Pulido Valente como sendo próxima do ridículo. Ei-lo de pé ou a cavalo a entregar uns folhetos para alertar o bom povo de direita (já não se sabe onde é que se encontra) para a nova mensagem salvadora. Ninguém ligou pevide ao que o antigo líder disse e os jornais referiram-se à sua acção como quem anuncia uma missa que tem por costume informar o quanto está bem enterrada a alma de alguém. A época foi mal escolhida. O Sol queima, a sede aperta, as praias abarrotam de colestróis, as farmácias fornecem a pílula dos sete últimos dias sem subsídio e não se prevê nenhuma aparição para os próximos tempos do Messias judaico enquanto o Hezbollah não desarmar. As televisões também estão de férias. Por isso reinventam diariamente o folhetim do trimarã e o da pobre miúda que fora raptada há dez anos por um criminoso que entretanto se suicidara. É época de descanso, não se pode esperar muito. Carlos Costa Neves tem uma coluna semanal de onde faz a sua política a solo. Os companheiros de partido pouco ou nada falam dele nem sobre ele escrevem. Parece que não existe. Lá de vez em quando um qualquer jornalista limita-se a desenhar uma pequena aguarela onde lá vem ele numa posição muito incómoda. Pois onde está Costa Neves aparece a sombra de Berta Cabral a incomodar. Não sei até que ponto não estaríamos a viver uma política muito mais activa se Natalino de Viveiros tivesse ficado à frente dos destinos do PSD/A aquando do último “referendo” deste agora partido doméstico. Certamente que os dirigentes do Partido Socialista não teriam tanto tempo de férias grandes. Nem tão pouco haveria uma época tão prolongada de amamentação. Costa Neves está sozinho e está como o precursor de si mesmo. Manuel Monteiro faz o mesmo lá para as bandas da Europa portuguesa. Manuel Monteiro está de “fora” do CDS-PP mas tem o PND para se entreter. Costa Neves nem isso tem. Talvez por essa razão os sete segundos não cheguem para ser reconhecido pela malta de São Miguel.
manuelmelobento
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