Friday, December 15, 2006


NACIONALISMO E OUTRAS TRETAS II

Esbocei em estilo racionalizável alguns comentários sobre a ideia geral de nacionalismo. Entendi (epocalmente) que este é apanágio de classe. Mais propriamente da classe dominante. Trata-se de um pensamento reaccionário. O povo português não tem dado provas de nacionalismo. Que o povo tem demonstrado, em épocas de crise, que a luta de classes existe não dá para contestar. Acontece nas épocas de crise e pára pouco depois. Porém, luta de classes nada tem a ver com nacionalismos a não ser quando a burguesia canaliza o berro popular para outros fins. Aconteceu em 1890 aquando do roubo das terras do Mapa Cor-de-Rosa pela escumalha inglesa e a burguesia enfeitou o facto com manifestações nacionalistas circunscritas a Lisboa e pouco mais. Tais manifestações tiveram lugar na velha Praça do Rocio. O resto da populaça esteve-se nas tintas para a geografia e para o nacionalismo. O nacionalismo é um acto burguês que elevado à categoria (máxima potência) de exacerbação pode tornar-se muito perigoso quando manipulado. Bem tentam os bem falantes formatá-lo permanentemente mas sem sucesso. Acontece o mesmo com a luta de classes. É que se tal fosse possível a teoria marxista acabaria por ser certa e verificaríamos a extinção das classes tomar assento no terreno do real. A sociedade sem classes seria o ideal. Mas para isso teríamos de programar o homem de novo. Não creio ser possível! Houve, ao longo da história, várias tentativas para realizar a tal sociedade ideal, porém, acabaram sempre por dar em nada. A Revolução Francesa, a Comuna de Paris, etc. De entre essa corja sanguinolenta emergiu uma burguesia que tão depressa pôde pediu auxílio ao exército prussiano para repor a “sua” ordem. Resultou daqui a chacina de trinta mil (30.000) Comuneiros. A burguesia não tem pátria. Nos últimos trinta e cinco anos a burguesia portuguesa defendeu várias hipóteses. Ei-las: que a Pátria era una e indivisível (para além da faixa ibérica, era composta pelos territórios ultramarinos e pelas ilhas adjacentes). Terroristas e bandidos eram considerados os defensores da independência daqueles territórios. O esforço de guerra levou a que Portugal se desligasse dos territórios do ultramar. O nacionalismo burguês encolheu e os terroristas passaram a heróis. Portugal ficou confinado ao enclave espanhol. Com a economia de rastos, o nacionalismo desapareceu. Havia quem se vendesse à América e quem escolhesse a ex-URSS para patrão. Burgueses inteligentes perceberam que Portugal era Europa pois isso representava um grande negócio. E foi! Na Europa não podemos ser nacionalistas, pois isso é contrário ao espírito da letra dos mentores da União Europeia. Hoje, Portugal só é nacionalista quando está em causa a autodeterminação dos povos das ilhas adjacentes. Porque ainda é negócio a burguesia não tem intenção de largar o balcão atlântico. É tudo uma questão de lucro. Portugal é hoje de quem der mais. Traficantes, proxenetas, corruptos e ladrões emergiram descontroladamente por tudo que é sítio onde haja dinheiro. E eles são políticos, empresários-políticos, homens do futebol-políticos. O Estado português negoceia com empresários, com a Igreja, com o futebol tendo como intermediários os políticos. Estes não são povo estes são os burgueses. Os burgueses tomaram conta da nação.
PS (1):
A indigitação de Maria José Morgado (que já tem a sua idade) para gerir o “Apito Dourado” é um golpe de teatro dos mais caricatos que até hoje se viu cá por casa. Não comparando, isto mais parece um barco que se está a afundar e num repente o armador substitui o comandante. “Vais ao fundo, mas é com outro comandante!” Diz ele para o barco. Esta gente perdeu a noção da realidade. A política é uma porca? Não, há é porcos na política!
PS (2):
Convinha ouvirmos mais vezes o comentarista António Marinho da SIC para ficarmos a saber como é que a maioria dos políticos fez para esticar o vencimento ao ponto de se tornarem milionários.
manuelmbento

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