Thursday, August 24, 2006


“Sonhei que a vida era sonho
e sonhando despertei
para entrar num outro sonho
de que jamais acordei”

Agostinho da Silva

Foi ao tentar reler Agostinho da Silva, neste Verão de todos os calores, que me encontrei mais uma vez fugido do que eu penso ser a terra onde devia ter nascido sem complexos do tacto, da visão, do sexo, e outros... Aprender com quem quer aprender. Que grande lição esta que nos arrasta para os desafios que não queremos assumir porque estamos sentenciados – até ver – à criatura que nos transformámos na irresponsabilidade de uma cultura que construímos mas que nunca queremos ajuizar. Isso tornava-nos olheiros do outro. Na sua compreensão para os socorrer... Muitas vezes podíamos fazê-lo. Olheiro do outro? Não! O nosso sentimento do Só conta mais do que alargar para contribuir, para realizar. Se o destino parece não ter destino, a não ser por dentro, que outra solução apregoar o que não seja senão a circular pessoal de onde sair custa porque nos perderíamos. Pelo menos em pensamento. Eu quero despertar para sonhar. Será que entendi Agostinho? O Mestre que sem o ser – por não querer – me quer tornar responsável por aquilo que eu não quero porque desconheço e porque isso faz de mim o percursor de mim mesmo. Por que me hei-de empurrar a mim mesmo? Agostinho disse: “.. quando chegou a minha hora de nascer no céu das ideias, estava atento ao globo terrestre que ia passando pela frente à espera de encontrar uma terra que me agradasse. E, como eu, estavam outros: quer dizer, toda a gente escolhe o lugar onde nasce.” Que Verão este! Viajei por entre “canaviais prenhes de letras” (a) que não eram as minhas e não me fiquei. Julguei-me mestre de mim mesmo e fiz a pior opção. O olheiro do outro que eu julgava estar atento, era apenas aquele que não sonhava. Não estava desperto!
(a) – J.A. In Canaviais dos Remédios - 1950
manuelmelobento
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