Thursday, August 17, 2006

RTP1 - HISTORIETA


MARCELO VOLTOU

O último meio ditador português voltou à pantalha na memória da filha Ana Maria que muitas vezes o acompanhou em cerimónias oficiais. Para introduzir humanamente o chefe autocrático que sucedeu politicamente a Salazar nada melhor para quebrar quaisquer animosidades. A nossa RTP1 é uma merdia! Vamos ao que interessa respeitando os sentimentos da familiar que mais não fez do enaltecer seu pai. Boa filha! Humilde de nascimento cresceu amparado a uma capacidade intelectual brilhante. Saltando de escalão em escalão, melhor dizendo de estrutura em estrutura fascista alcançou o posto máximo de serviçal dos grandes monopolistas e capitalistas portugueses. Antidemocrata assumido, católico piedoso (em Portugal significava na altura os que apoiavam a guerra de África em nome da civilização), militante e chefe máximo de organizações fanáticas como a Mocidade Portuguesa, colaborador do ditador Salazar, colonialista de formação, quem melhor do que ele para servir a reacção e os ultras que tinham como “arquiduque” o cabeça dura do almirante Américo de Deus Rodrigues Tomaz, após o vazio do poder? À PIDE deu-lhe uma nova designação, à censura reforçou-lhe a acção impedindo a liberdade de expressão de forma continuada. À repressão fechou um olho. Faz cem anos que nasceu! E depois? Parabéns! Foi um grande professor! Parabéns! Não entendeu o problema colonialista em que Salazar e a canalha nos metera. Colaborou na destruição do Império Português não permitindo a sua adaptação aos novos modelos de relação entre povos de raças diferentes. Quando falava da Nação não tinha em conta os explorados indígenas africanos nem as suas aspirações de autodeterminação e autogoverno. Quinhentos anos de ocupação militar e de constantes assassinatos de chefes tribais não podiam ser resolvidos com uma guerra interminável que tinha apoios internos. Há muito que os africanos eram maltratados e presos. Os heróis portugueses de África foram aqueles que subjugaram e dizimaram as populações autóctones numa sanha que nada tinha de civilizada. Estou a lembrar-me de Mouzinho de Albuquerque, Paiva Couceiro e cala-te boca! Homem culto? Se o fosse tão quanto nos querem fazer crer não teria cometido tantos erros de interpretação social. Homem culto? Sim, escrevia tratados de Direito e lia muitos livros! A vida real, às vezes, é madrasta para os que aspiram o transcendental. A sua Justiça era parecida com a de Platão: uns tantos (poucos) têm de prevalecer sobre muitos para haver harmonia. Pois seja!
manuelmelobento
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