Sunday, July 30, 2006

COLABORACIONISTAS!!!

O dr. Alberto João Jardim acusou alguns madeirenses de colaborarem com o "inimigo" da Madeira...

Os temas políticos da actualidade portuguesa estão todos afunilados mediaticamente por causa da guerra do Líbano. Além de estarem alguns governantes de férias ainda há os que repousam nos ministérios a fazerem contas à vida. A máquina administrativa é tão pesada que se torna difícil torná-la mais leve. Vão-se tomando umas medidas aqui outras ali sem uma base moral que as faça ter força perante a descrença generalizada. A vida melhorou muito quer em Portugal quer nas ilhas, agora denominadas – e muito bem – regiões autónomas. Paralelamente e como factura a visão das coisas foi substancialmente alterada. Para os reaccionários tudo piorou. Pergunta-se onde? Hoje, existem garantias na reforma, na saúde e na educação que foram conquistadas de há trinta anos a esta parte porque se destruiu as mordomias de alguns poucos que se estavam a marimbar para os que sofriam, que eram a maioria. Descentralizou-se a voracidade de Lisboa e por toda a parte as pessoas consciencializaram-se e começaram a olhar para algo que desconheciam: os seus direitos. A concepção de direitos que os ilhéus entendiam não passava de deveres para com a pátria. Os ilhéus estavam por aqui para servir e não serem servidos. A liberdade é como um rastilho. A igualdade e a fraternidade também. Não se podem parar a não ser utilizando a força. Esta tendência não desapareceu de todo, o que é de estranhar. Quando as populações desabridamente reclamam regalias os governos ditos democráticos entram em pânico e não têm estratégias para as resolverem. Actuam sempre por pressão e agem numa forma ridícula de repressão. A acompanhar esta atitude encontram-se alguns media (quase a maioria) que existem numa base sustentada à descarada. Fazem o controlo diário das situações a tal ponto que por vezes são eles a calendarizarem as acções governativas. Parece que os media acabam por se transformar nos porta-vozes das clientelas. Estas, de facto, são os verdadeiros controleiros. A democracia levada para as ilhas impreparadas pela idiossincrasia do seu povo ajudada pelo clérigo retrógrado dominador de consciências não evoluiu e manteve-se sujeita ao centralismo patrão. Quem agiu na boa fé de levar o povo ilhéu à liberdade a que tinha direito começou por se tornar ridículo, caricato e reaccionário. Todos foram metidos no mesmo saco. Não convinha distingui-los. Claro que isso só se consegue pagando e comprando consciências. Toda a gente sabe que o líder ilhéu da Madeira tem uma linguagem muito fresca. Daí a estar sempre à boca de cena, no Portugal entalado económicamente, é uma constante (Durão Barroso disse que o país estava de tanga... o actual ministro das Finanças alertou para o facto de a Segurança Social poder dentro em breve não ser sustentável, etc.). Os governantes de Portugal dizem as maiores barbaridades num tom muito civilizado que assustam só os que percebem de economia e dos golpes contra os interesses do Estado. Jardim disse que alguns estavam com o rabo de fora voltados para o continente de onde Portugal é. O que ele foi dizer! Disse que o governo português se preparava para aceitar o casamento entre homossexuais. Chamou alguns de maricas e colaboracionistas... Da minha parte devo dizer que esta questão diz apenas respeito ao respeito que todas as pessoas têm de viver como muito bem entenderem. Que se casem ou não isso pertence ao circulo da sua liberdade que eu tenho de respeitar. Não estou de acordo com o governante da Madeira. Mas pior do que ele são os que põem a questão em discussão e depois aceitam o que a maioria reaccionária quer. E para não perderem o poder fazem pior do que Jardim. Prolongam a agonia de toda a gente. Acontece com a liberalização do aborto que mata (está provado) milhares de mulheres portuguesas. Além de não terem coragem política são o que Jardim lhes chama: maricas. Enquanto na Europa estas questões estão politicamente resolvidas – veja-se o que acontece na vizinha Espanha – no país de todas as imitações, estas questões estão na mão dos Melícias da Fé que estão escanchados nos pelouros do Estado e que de um momento para o outro realizam peregrinações em nome dos bons costumes enquanto nas ruas cresce a insegurança e os crimes de sangue. São uns maricas, sim senhor! Jardim tem razão embora seja por motivos diferentes. É lá com ele, pois ele representa uma maioria imparável. A democracia é isso, embora custe. Mas custa - o que está provado - mais aos maricas que se diziam antifascistas.
Sentidos pêsames a Alberto João Jardim.
manuelmelobento
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