A JANELA INDISCRETA...DA MINHA CATEQUISTA
DENTRO DE MOMENTOS SAI UMA CRÓNICA AQUECIDA PELA MEMÓRIA...
Hoje, dia 27 de Junho, estou na minha saleta, com o aparelho de televisão sintonizado para a RTP/Açores. São 22 horas e 51 minutos. O programa das “São Joaninas” está a ser repetido e está no fim. O Apresentador, Carlos Alberto Moniz, acolitado por Álamo de Oliveira e por uma mulher bonita de nome Joana, deu vida a um espectáculo que me agradou. Apenas uma questão: às 22 horas e 53 minutos o realizador que estava a presentear-nos com a fachada da Sé de Angra em grande plano, desviou as câmaras e apontou para um touro que marrava um terceirense numa rua de Angra. Uma tourada à corda é coisa de que não gosto. Lembra-me as jovens que eram sacrificadas ao Minotauro. Um desperdício! Festa é festa, e já me me calo. Já o disse, e volto a repetir: entre as lamúrias, a piedade, os rituais sacro-paganizados, a violência desmedida e nocturna, as penosas romarias, o falar bruto (como eu também o pratico) e a vivência terceirense eu escolhia a Ilha de Jesus Cristo para viver. Este “Deus” que em Angra só aparece nas igrejas e capelas dos fidalgos, em São Miguel está em todo o lado. E foi ao subir a rua onde nasci e moro, para vir jantar, que “O” vi, hoje, através da janela cuja fotografia ilustro este texto. Naquela janela, há uns bons cinquenta e nove anos, estava quase sempre à janela a minha catequista. Era uma senhora alta e quarentona que vestia umas saias muito compridas. Nunca vi dela senão as mãos e a cara e um pouco de canela revestida por meia grossa. Todo o resto era uma espécie de camuflado. Nunca ouvi daquela boca uma palavra que indicasse qualquer falta de postura cristã. Naquela altura os cristãos de São Miguel eram uma espécie de gente que não pecava. Lembro-me de as igrejas estarem sempre cheias de gente. Gente boa que deixava as criadas irem à missa de manhã bem cedo. Não ficava bem ao mesmo tempo assistirem aos ofícios religiosos patrões e criadas. Que Deus não era permissivo nestas coisas. Ao domingo, as criadas, nunca tinham folga. O que iam elas para a rua fazer? Perder-se? Em casa é que se estava bem. Missa e casa. Depois de me diplomar na catequese cristã, continuei a frequentar a igreja paroquial todos os domingos. Até aos catorze anos mais ou menos tive de marcar o ponto nas ladaínhas judaicas expressas em latim pelo pároco de serviço dominical. Quando surgiram as leituras proibidas, o tesão e o pecado em prática, as coisas mudaram e muito. Comecei a perceber que toda a gente freudava sempre que podia. Que freudar fazia parte de tudo, embora fosse tratado com recato e pudor. A primeira punheta que bati foi um fiasco. A segunda foi melhor. A terceira muito melhor ainda, pois tive ajuda. Voltemos à segunda. Tinha acabado de vir de uma sessão da paróquia e vira uma moça engraçada sentada a dois bancos de distancia. Era parecida com a “partenaire” do Carlos Alberto Moniz. Como faltava ainda uma boa hora para a próxima refeição fui para o meu quarto. De repente, veio-me à ideia a rapariga da missa a quem quando sentada vira o joelho de fora. Excitei-me. Tinha vindo de um templo sagrado onde tudo que era desejo era condenado. Como era possível? Fechei a porta do quarto e pus-me a ler as instruções que meu primo Zeca me dera e que para não esquecer passara a escrito. Ao mesmo tempo praticava onanismo. A janela do meu quarto ficava em frente à da minha antiga catequista. Distraído com as minhas práticas pecaminosas esqueci-me da possibilidade de ela estar à janela. Pelo canto do olho vi que ela lá se encontrava. Disfarcei. Tudo bem. Quando me fosse confessar apagaria mais aquela nódoa. Posteriormente, ao contar o facto a meu primo, ele disse-me que eu fizera uma obra de caridade. É que aquela pobre nunca tivera na vida inteira uma única oportunidade de ver um homem a vir-se. Era uma escrava. Pois vivera sempre rodeada de missais. Nunca lera um livro e nunca tinha visto o “Século Ilustrado” à sua frente, porque às vezes apareciam mulheres de “maillot”. Vivia recolhida no dormitório do Convento de Santa Bárbara. Bem, senti-me bem comigo próprio. Daí para diante, e sempre que estava com tesão colocava-me de modo a que a coitada da minha catequista gozasse um pouco. E, às vezes, quando o tesão fugia eu, para a compensar, despia-me e passeava disfarçadamente pela janela do meu quarto. A piedosa janela, hoje, é uma ruína. Peço à Direcção Regional da Cultura que deixe estar aquela recordação como está por mais uns quarenta anos. Ao menos servirá para recordar as minhas boas acções de adolescente sempre que por ela passar. De outro modo, terei de esperar por mais umas “São Joaninas” que são como a Primavera. Só chega de ano a ano. E com a minha idade não dá para esperar tanto tempo. ´Para mais a minha catequista já morreu, eu moro mais acima e já me custa bater uma punheta a solo.
manuelmelobento
Hoje, dia 27 de Junho, estou na minha saleta, com o aparelho de televisão sintonizado para a RTP/Açores. São 22 horas e 51 minutos. O programa das “São Joaninas” está a ser repetido e está no fim. O Apresentador, Carlos Alberto Moniz, acolitado por Álamo de Oliveira e por uma mulher bonita de nome Joana, deu vida a um espectáculo que me agradou. Apenas uma questão: às 22 horas e 53 minutos o realizador que estava a presentear-nos com a fachada da Sé de Angra em grande plano, desviou as câmaras e apontou para um touro que marrava um terceirense numa rua de Angra. Uma tourada à corda é coisa de que não gosto. Lembra-me as jovens que eram sacrificadas ao Minotauro. Um desperdício! Festa é festa, e já me me calo. Já o disse, e volto a repetir: entre as lamúrias, a piedade, os rituais sacro-paganizados, a violência desmedida e nocturna, as penosas romarias, o falar bruto (como eu também o pratico) e a vivência terceirense eu escolhia a Ilha de Jesus Cristo para viver. Este “Deus” que em Angra só aparece nas igrejas e capelas dos fidalgos, em São Miguel está em todo o lado. E foi ao subir a rua onde nasci e moro, para vir jantar, que “O” vi, hoje, através da janela cuja fotografia ilustro este texto. Naquela janela, há uns bons cinquenta e nove anos, estava quase sempre à janela a minha catequista. Era uma senhora alta e quarentona que vestia umas saias muito compridas. Nunca vi dela senão as mãos e a cara e um pouco de canela revestida por meia grossa. Todo o resto era uma espécie de camuflado. Nunca ouvi daquela boca uma palavra que indicasse qualquer falta de postura cristã. Naquela altura os cristãos de São Miguel eram uma espécie de gente que não pecava. Lembro-me de as igrejas estarem sempre cheias de gente. Gente boa que deixava as criadas irem à missa de manhã bem cedo. Não ficava bem ao mesmo tempo assistirem aos ofícios religiosos patrões e criadas. Que Deus não era permissivo nestas coisas. Ao domingo, as criadas, nunca tinham folga. O que iam elas para a rua fazer? Perder-se? Em casa é que se estava bem. Missa e casa. Depois de me diplomar na catequese cristã, continuei a frequentar a igreja paroquial todos os domingos. Até aos catorze anos mais ou menos tive de marcar o ponto nas ladaínhas judaicas expressas em latim pelo pároco de serviço dominical. Quando surgiram as leituras proibidas, o tesão e o pecado em prática, as coisas mudaram e muito. Comecei a perceber que toda a gente freudava sempre que podia. Que freudar fazia parte de tudo, embora fosse tratado com recato e pudor. A primeira punheta que bati foi um fiasco. A segunda foi melhor. A terceira muito melhor ainda, pois tive ajuda. Voltemos à segunda. Tinha acabado de vir de uma sessão da paróquia e vira uma moça engraçada sentada a dois bancos de distancia. Era parecida com a “partenaire” do Carlos Alberto Moniz. Como faltava ainda uma boa hora para a próxima refeição fui para o meu quarto. De repente, veio-me à ideia a rapariga da missa a quem quando sentada vira o joelho de fora. Excitei-me. Tinha vindo de um templo sagrado onde tudo que era desejo era condenado. Como era possível? Fechei a porta do quarto e pus-me a ler as instruções que meu primo Zeca me dera e que para não esquecer passara a escrito. Ao mesmo tempo praticava onanismo. A janela do meu quarto ficava em frente à da minha antiga catequista. Distraído com as minhas práticas pecaminosas esqueci-me da possibilidade de ela estar à janela. Pelo canto do olho vi que ela lá se encontrava. Disfarcei. Tudo bem. Quando me fosse confessar apagaria mais aquela nódoa. Posteriormente, ao contar o facto a meu primo, ele disse-me que eu fizera uma obra de caridade. É que aquela pobre nunca tivera na vida inteira uma única oportunidade de ver um homem a vir-se. Era uma escrava. Pois vivera sempre rodeada de missais. Nunca lera um livro e nunca tinha visto o “Século Ilustrado” à sua frente, porque às vezes apareciam mulheres de “maillot”. Vivia recolhida no dormitório do Convento de Santa Bárbara. Bem, senti-me bem comigo próprio. Daí para diante, e sempre que estava com tesão colocava-me de modo a que a coitada da minha catequista gozasse um pouco. E, às vezes, quando o tesão fugia eu, para a compensar, despia-me e passeava disfarçadamente pela janela do meu quarto. A piedosa janela, hoje, é uma ruína. Peço à Direcção Regional da Cultura que deixe estar aquela recordação como está por mais uns quarenta anos. Ao menos servirá para recordar as minhas boas acções de adolescente sempre que por ela passar. De outro modo, terei de esperar por mais umas “São Joaninas” que são como a Primavera. Só chega de ano a ano. E com a minha idade não dá para esperar tanto tempo. ´Para mais a minha catequista já morreu, eu moro mais acima e já me custa bater uma punheta a solo.
manuelmelobento
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