AS MINHAS PANATENEIAS
Ninguém sabe ao certo quanto dinheiro é que se gasta(ou) com a nossa tragicomédia futebolística. São milhões de euros gastos atrás de uma bola e milhões de euros que se irão gastar se o raio da bola, num pontapé enviesado, se desviar vinte e um grados para a esquerda (ou direita) e entrar no intervalo de dois postes. O futebol é necessário para os portugueses como pão para a boca. Vinho na boca, segundo o nosso último guarda-livros, alimentava um milhão. O futebol ainda não apresentou contas. Mas deve alimentar alguém, creio eu que para além dos jogadores muitos irão meter a mão nas massas. Nunca vi um ministro a querer fazer do futebol um exemplo de honestidade, como o que a ministra da Educação, por exemplo, quer fazer do ensino. Nunca vi um ministro querer meter o nariz na contabilidade da Igreja. O que eu vejo são figuras do Futebol e da Igreja sempre que há festivais nas suas áreas ao lado dos governantes numa cumplicidade que já vem do tempo da construção das pirâmides. Alguém não tem vergonha na cara! Quando os trabalhadores se envolvem em greves (que são os seus festivais) os governantes desaparecem. Os homens do futebol nunca estão por perto e os párocos estão nas capelas a cuspir nos dedos para voltarem as páginas sebentas dos oráculos de todas as salvações. Eu estava convencido que o “25 de Abril” vinha trazer a dignidade perdida das classes trabalhadoras, a quem o Estado Novo reduzira à infíma espécie. Quando comecei a estudar com outros olhos o exemplo da democracia grega, verifiquei que de democracia o que eles tinham era uma verdadeira merda. E digo isto, porque eles matavam os que pensavam livremente. Dezenas de pensadores foram condenados à morte. O exemplo de Sócrates é o mais gritante. A democracia grega vivia sustentada pelo trabalho escravo de muitos povos. Só uma classe tinha direitos de cidadania como agora se diz. O resto nicles. O voto era um direito de uns quantos privilegiados. Ninguém pode condenar um governante que queira limpar a casa. Num universo de tanta desonestidade, o que me parece é que a ministra mais falada do Reino dos Apedeutas (passe a publicidade) está a fazer é varrer a casa e pôr o esterco debaixo do tapete. E, então, senhora governanta, onde está a interdisciplinaridade que V.Exª. devia impor/solicitar a toda a governação socrática (do nosso, está claro...) e que não se vislumbra? Parece que não passa de uma manobra de diversão para os fins que se hão-de ajustar aos desejos de uma classe que começa a emergir com todos os sinais exteriores de riqueza vindos das profundezas do sangue, suor e lágrimas daqueles que só agora perceberam que votar é ficar desarmado como costumam dizer os simpáticos anarquistas. Vamos avaliar professores? Papás e mamãs? Sim! Vamos avaliar os médicos? Sim, sobretudo pelos que lhes morrem às mãos com doenças incuráveis! Enfermeiros, polícias (estes, sobretudo pela classe dos bandidos que é enorme, – é quase um agente social – cabeleireiros, massagistas (um horror, eu que o diga), gestores de empresas públicas, profissionais do sexo (já cá faltava), motoristas, promotores de desfalques no erário público, dentistas, secretas, padeiros, vinhateiros, bruxos, etc.,...
Até amanhã, pois tenho de me preparar para as panateneias e com certeza vou gemer até ao fim.
manuelmelobento
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