Sunday, June 25, 2006

OUTRA VEZ... Maria!


Existem dois assuntos que não me deixam em paz. Eles são: a intromissão intempestiva da ministra Rodrigues no sector educativo e as verbas que são gastas pelas instituições oficiais com os media. Já muito se disse e escreveu sobre estes. Eu próprio já me debrucei sobre eles. Umas vezes fi-lo sem objectividade (do que desde já me penitencio), outras à procura de encontrar algo substancial. Tendo em conta alguns anos de experiência no sector do ensino, no ciclo e no secundário posso fazer referência a factos ocorridos na escola, que não deixa de ser um agente social, altamente credenciado na socialização dos indivíduos=crianças. Constitucionalmente os pais são os primeiros responsáveis pela educação dos seus filhos. Até porque são eles quem primeiro dirige o processo inicial de aprendizagem. As crianças, logo que saem do seio da família, integram-se no meio escolar. Muitas vezes, resulta, por questões de estratificação social, uma interacção muito elaborada e positiva entre estes dois importantes agentes sociais. Aqui refiro-me a famílias que vêem a escola como um caminho para os filhos “vencerem” na vida. Pais de certas camadas sociais (classe média e média alta) não deixam a escola em paz (os professores melhor dizendo). Desde o início do ano lectivo estão sempre atentos. Quase perseguem os professores que avaliam os filhos de um modo diferente daquele que esperavam. Olham a escola como um antro de competição. E querem-nos o melhor avaliados possível. São pais “preocupados”. Esta palavra está entre aspas porque a preocupação não está a nível de conteúdos, de formação crítica, de solidariedade, de liberdade, de cooperação, de democratização, de intervenção, etc. Isto é secundário se as “notas” forem altas. Para eles (pais) é quanto basta. São poderosos e querem os filhos nessa senda. A senda do poder e da continuidade do poder. E os outros? Aqueles que pagam impostos que sustentam as despesas do ensino e que são a maioria? O que é que eles percebem do sistema onde o Estado democrático enclausura os filhos? Poucos deles se dão ao trabalho de acompanharem as suas crianças. Quando aparecem é porque existem queixas por mau comportamento. São obrigados a isso. São obrigados a acompanharem este “processo de avaliação” para, se possível, actuarem correctivamente, posteriormente em casa. É o que se lhes pede. Depois são informados do característico insucesso que é quase sempre paralelo. Se o ensino é público e obrigatório, qual a razão de existirem elites de alunos nesse mesmo ensino? Culpa dos professores? Fui professor de “várias classes de alunos”. As crianças são na generalidade todas inteligentes e capacitadas para a aprendizagem. Porém, apresentam motivações e vivências diferentes que as desviam do que pretende este Estado. Uma motivação numa unidade lectiva não é o suficiente. Pouco ou muito pouco ultrapassa os objectivos para o confronto extramuros escolares. Quando o funil aperta para finalmente prosseguirem estudos as tabelas das notas e as respectivas motivações vêm ao de cima. Surge de novo uma fornada de elite pronta a integrar-se no ensino superior. No entanto, dezenas e dezenas de milhar ficaram para trás. Que grande desperdício! Mas, afinal, quem preparou essas mesmas elites? A polícia?, os hipermercados?, o Ministério da Educação?, as autarquias?... Onde mete aqui a ministra Maria Rodrigues os professores? Não contam para o sucesso? Só contam para as estatísticas do insucesso? Era bom destruir a burguesia! Talvez, com ela levada para os campos de recuperação à moda chinesa da época da Revolução Cultural, se conseguisse igualizar a população estudantil portuguesa... Mas, falta-nos o Grande Educador Arnaldo de Matos... E, pior ainda, falta-nos o ex-primeiro-ministro Durão Barroso da mesma linha ideológica, para levar à práxis o ideário de todos os jovens, “malucos e bem intencionados”, que depois de ficarem grandinhos se tornam em verdadeiras pústulas sociais. É melhor olharmos o terreno real como um todo de outro modo a dona Maria Rodrigues passará a ser conhecida pela ministra-cacique. E que eu saiba os caciques também se abatem. Sobretudo com o voto...
(Estendi-me... Amanhã, cabe a vez aos media e ao dinheiro que cada organismo deposita nesta “instituição” . O primeiro a declarar o quanto gastava com jornais foi um autarca... A ver vamos por cá quanto gasta o governo, o Representante, as autarquias, etc.)
manuelmelobento
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