"LÍNGUA AFIADA" - ANÁLISE DO PROGRAMA QUE FOI PARA O AR NO DIA 22 DE JUNHO
O programa “Língua Afiada” que passa na Televisão/Açores às quintas-feiras justifica a nossa atenção. Num quadro de dezenas e dezenas de canais ligar o nosso canal é um acto de coragem. Primeiro, porque o canal oficial (e único ainda por cima) dá a ideia de que estamos num país do leste europeu. A cassete dos dirigentes está bem patente quando se trata de política. A RTP/AÇORES, assim se designa a estação de Portugal “Democrático” ex-Colonial por cá, é exímia em contribuir e criar uma História Contemporânea Açoriana para português ver e açoriano comer. Gente despolitizada que nós éramos, gente despolitizada que continuamos a ser. A nossa história mais recente é adulterada por aquele dispositivo de propaganda. É o único que temos a nível televisivo. A imprensa escrita está mais ou menos manipulada também. Está ainda muito rafeira e sabuja para o meu gosto. Vive de subsídios, está tudo dito. Segundo, por falta de quadros competitivos e qualificados, os programas não passam de alguns chouriços e morcelas saudosos para fazer chorar os nossos emigrantes. Se há festas religiosas chupamos com horas a fio de passeatas de beatos, lamúrias de penitentes, santos, paparocas e balhos furados. A “Língua Afiada” saiu dos eixos. Nuno Barata fez fogo descontrolado. O objectivo foi o Governo Regional. Atirou feio e forte. O seu convidado, Carlos Costa Neves, chefe da oposição, se tinha algo a opinar foi abafado pelo fogo cerrado de Nuno Barata. Passou a figura de segundo plano. Entrou como chefe da oposição e saíu adjunto de Nuno Barata. Um colega do apresentador (Pedro Arruda, deviam lá de vez em quando colocar o nome dos intervenientes em legenda para não haver confusão) interveio para defender a liberdade de expressão regional. O que para Costa Neves e Nuno Barata não existia. Haver há, mas condicionada pela maneira de ser dos açorianos. É um fenómeno mais da área do psicológico do que do expressivo. Neste programa, ninguém do poder eleito escapa. É mesmo “língua afiada”. Se os responsáveis políticos (de cá e de lá) por esta estação adivinhassem que aquele programa valia por toda a oposição junta tinham-no censurado, argumentando falta de cabimento orçamental. Nuno Barata pode-se gabar de que a partir dele as amarras do bico-calado-porta-te-bem estão desfeitas. Esta televisão é nossa! É o que ele quis dizer. Falou grosso e disse o que lhe veio à cabeça no que diz respeito à política e aos dirigentes no poder. Não acredito que Carlos César tenha a coragem de comparecer neste programa para o qual foi publicamente convidado. Este programa foi o mais à micaelense que a TV-Açores “aceitou” difundir. Está de parabéns a liberdade de expressão nos Açores. Sugestão a Nuno Barata: e que tal convidar o Representante no caso de Carlos César recusar o convite? Não perco não, nem mesmo que esteja a dar ao mesmo tempo os ranhosos dos ingleses na final contra Portugal na 1.
manuel melo bento
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