Sunday, August 27, 2006


MACHISMO BIOLÓGICO

À ESQUERDA E À DIREITA

Maria de Lurdes Pintasilgo - que já tinha sido primeira-ministra de Portugal – candidatou-se à Presidência da República na década de oitenta. Católica, cientista de renome internacional, mulher imensa de qualidades humanas, provadas aquando do seu ministério, saiu derrotada nas urnas. Metade do eleitorado é composto por mulheres... Não lhe serviu de nada. Passaram-se quase vinte anos. Daí para cá pouca coisa mudou em relação à projecção das mulheres na vida política. Tem sido uma espécie de apagão aquilo a que têm sido sujeitas. Porque estão a invadir todos os espaços de actividade com um elevado espírito de missão e rigor, alguns machos da corte de assessores da consciência nacional pressionados pelos cálculos de uma economia futura iniciaram uma caminhada para as neutralizar. Incluíram-nas nas listas partidárias para as melhor controlarem. Existia a possibilidade de elas se começarem a reunir à parte e a fazer de contrapeso aos bem instalados homenzinhos em tudo que é do grosso do lucro e do “mensalão”. Uma vez consciencializadas, a onda feminina tornar-se-ia imparável e devastadora. A corrupção, os crimes e delitos económicos a que a sociedade portuguesa está sujeita não têm mão feminina. Basta somar para rectificar esta afirmação. Nas estradas, onde os portugueses se suicidam, não consta do comportamento nem falam as estatísticas delas. Nos crimes de sangue, a sua participação é mínima! A Igreja com o seu estatuto de cumplicidade nos crimes da ditadura nunca as acolheu a não ser para encher as naves vazias das homilias reaccionárias e para as manipular. O “futebol nacional” - que bem se tem saído em tudo que é desprezível e não recomendável – não tem dedo de mulher. No passado, nada a apontar a não ser a escravidão a que estavam sujeitas. Nas Forças Armadas, aquando das acusações internacionais dos “feitos” heróicos, nada lembra a elas. No seu corpo não mandam e ainda por cima estão sujeitas às leis de uma cambada de ratazanas que as deixam morrer nas mãos de curiosos depois de as engravidar. São elas que mais contribuem para o produto interno bruto metidas em fábricas que as despacham para o desemprego depois de as sugarem. O discurso português é tipicamente machista, imbecil, e proxeneta. Não contabilizando o que a elas é de direito, depois de as comerem e utilizarem, delas se esquecem para as ouvir nas grandes questões nacionais. Este arrazoado vem a propósito da ausência de qualquer nome de mulher para a Procuradoria Geral da República. Nenhum cronista macho ou fêmea sequer levantou a questão. Sofrem todas e todos de virilidade iletrada. Nem lhes passava a idéia pela cabeça de tão "amachados" que estão. A Procuradoria Geral da República não tem dado bons exemplos. Desde Cunha Rodrigues até agora que existe um folhetim anedótico tão bem descrito pela imprensa de todas as cores. Está na altura de substituir os machos por fêmeas. E isto porque elas ao longo deste périplo democrático (3o anos circulares) são as que menos manchas apresentaram na dignidade comunitária. Eu que sempre tive um discurso machista-científico, isto é, comer e ser comido, estou farto de homens. Que venham elas para bem fazer.
manuelmelobento
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1 Comments:

Blogger sabine said...

Parabens pelo texto.

1:40 PM  

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