Monday, July 03, 2006

UMA DEUSA OU UMA FREIRA...


CAMPANHA DE VERÃO E EU MÚMIA

A malta está chateada com a falta de sol. Este faz falta. Os novos divertem-se nas praias. As múmias sentem-se divertidas como compensação. As suas barrigas não encolhem. As rugas permanecem e nem a erosão do tempo as disfarça. As ondas a apelarem aos furadores. A excitação revive brejeira para logo partir traindo suspiros vãos. Só a saborosa soneca da digestão aninha-se. De lagosta? Ainda não! O reembolso tarda e o subsídio de férias ainda está longe. As ilhas para aqui estão estendidas meias húmidas de período permanente. O barco que as liga lentamente toma mar que já era sem tempo. Alguns Caimão, outros ainda cá estão. O Espírito Santo tapa buracos. Mas é festa. E esta faz falta. O Governo de Todas as Ilhas salta de uma para outra. Aqui vai um hotel, desta cartola “pandórica”. Mais adiante um esticão aeroportuário. Há ilhas de sem ninguém que também são coesão de alguém. Tira as patacas do fundo do colchão meu velho cacique. Investe na tua ilha! Estás sempre de mão estendida. Aprendi com Salazar: no poupar é que está o ganho. Ai é? Então, só levas promessas. Tudo o que pedires terás. Não tem é data. Ah! Ah! Ah! (Riso deste só no comité, para paspalho não ouvir e poder votar em consciência). Que falas destas também são trabalho. E eu a passear na Avenida Marginal e logo ali as “Portas do Mar” para me calar e vergar a César o grande timoneiro, perdão que isto era o outro. As “Portas do Mar” são em terra e avançam mar adentro. O Pesqueiro dos invernosos banhistas recalcitrantes. Ora, afinal somos as vítimas: queremos mar! Até isso nos tiram. Isso não se faz. Não levas o meu voto. Também nunca votei. Ah! O homem faz e Deus obra. Obra chuva e tira o sol. Não somos ninguém depois de mortos. Alguns mesmo em vida... Sonhei que estava a freudar com a Florbela Espanca. Sempre que isso acontece perco o fio da crónica. Sai liturgia, sai rima. Ainda tenho o sabor dos lábios ensalivados dos sonetos. Morta me apaixona! (Influência das brasileiras. Das telenovelas ou dos bares? Já não sei). Amar amar perdidamente um copo, um corpo? Não! Só memória em foto que os neurões é que se divertem e consolam. Brincalhões que desrespeitam senilidades. Que venham as tromboses para os castigarem. Haja justiça! Não como mas eles também não. Gostava de morrer abraçado? Sim! A Deus? Porra! Só se fosse fêmea, deusa e lavadinha. Na ausência desta, uma freira também serve, das novas, claro! Lençóis de linho a enrolarem-me como Kéops, Kéfren e Mikerinos ( e a História e o Livro dos Mortos a saltarem nas sinapses) ... e sem entranhas por causa dos bichos.
Já estive melhor? Certamente!
manuelmelobento
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