Thursday, June 29, 2006

NÃO COMPARÊNCIA DE CÉSAR NO POLÉMICO PROGRAMA "LÍNGUA AFIADA" FOI UMA MEDIDA ECONÓMICA

A SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO APLICADA À TOMADA DE POSIÇÃO DO PRESIDENTE DOS AÇORES FACE AO CONVITE QUE A TELEVISÃO DO ESTADO LHE REMETEU OFICIOSAMENTE...

(Já a seguir. Isto é, quando me apetecer...)

Aprendi já muito tarde que o fabuloso Teorema de Pitágoras era tão dele como o Palácio de Santana é meu. Pitágoras (de Samos?) encontrou o teorema, da qual se “apropriou”, incrustado numa pedra na Mesopotâmia. O contexto cultural dos pensadores gregos permitia-lhes olhar o comportamento de “povos inferiores” e deles traduzir o que mais lhes interessasse e aproveitasse. No tempo de todas as reivindicações açorianas pós 25 de Abril, o emprego não estava tão generalizado como hoje se apresenta. A segurança de um satisfatório emprego e vencimento fazia parte do roteiro partidário. Os investimentos que damos conta nessa altura estavam praticamente todos na mão do sector público. O Governo Regional era sócio da Fábrica da Cerveja, das Fábricas de Tabaco, da Banca, dos Seguros, da EDA, das Cooperativas, dos Sindicatos, da Universidade, das Fábricas de Lacticínios, de Plantações de Ananases, da Lavoura, da Agricultura, da Igreja de Roma (em cotas não reversíveis), de Transportes Marítimos. E finalmente (devo estar a esquecer-me... ah, já me lembro da imprensa escrita, da Rádio e da Televisão)... era o maior empregador Regional. Casos houve que muitos empregados comerciais (da privada, claro!) eram pagos pelo governo regional. Era muito difícil encontrar, se não impossível, alguém que não estivesse ligado aos dinheiros públicos. Até a Indústria de Panificação comeu do erário do Estado. O Governo Regional chegou até a avalizar grandes negociatas. Algumas apresentam o estado de degradação característico das sociedades socialistas. Quando há muitos anos escrevi que o nosso regime era do tipo soviético chamaram-me estúpido... Os meios de produção eram pertença do Governo Regional... Diz, às vezes, a sociologia do conhecimento que diferentes contextos sociais geram diferentes formas de conhecimento. Os açorianos broncos, como é seu apanágio, já passaram pelo sistema comunista sem o sentirem. Era chefe desse regime o doutor Mota Amaral. A ele se deve a única e verdadeira Revolução Cultural... Ninguém calcula o gozo que me dava ver as beatas e os sacristães a defenderem tal sistema com a benção do imbecil e reaccionário bispo de Angra (o outro). Desse “produto” político-económico proveio uma forma de conhecer o social que só se desviou do sentido colectivista quando César conseguiu abrir a Região ao exterior. Este texto não condena Mota Amaral! Não é minha intenção. A ele se deve a maior alteração social e justa das gentes semi-escravas deste território. Bem, avancemos. César soltou algumas amarras capitalistas com o cuidado que lhe é característico neste tipo de política. Aos poucos granjeou créditos no mundo empresarial. Deu segurança aos investimentos internos e externos. E capitalizou a sua imagem num modelo liberal deixando algumas pontas socialistas na mão de alguns colaboradores insuspeitos. Só o facto de ir ao programa de Nuno Barata (Língua Afiada) era um risco para os investidores. Podia ser tomado como uma forma perigosa de ser socialista dos velhos tempos. Custou muito criar a sua actual imagem. O seu actual perfil e o seu comportamento são a garantia de credibilidade no mundo dos negócios em que apostou e arrastou a Região. Penso que não tinha outra solução. O pensamento científico do actual César só pode ser explicado por um modelo condicionado pelo contexto dos fenómenos formais e sociais. Quem sou eu para escrever mais sobre Sociologia do Conhecimento se até obtive uma nota mais ou menos na cadeira?
manuelmelobento
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