Tuesday, July 25, 2006

HÁBITOS E CRIMES INFANTIS


EXCLUSÃO
Nas margens do Douro caíu uma criança. O pai aflito atirou-se ao rio. Não sabia nadar. Ambos afogavam-se. O povo a assistir gritava (mas só gritava). Uma miúda atira-se à água, salva primeiro a criança e depois volta a mergulhar para salvar o pai. Conseguiu. Seu nome: Madalena de Oliveira Nogueira (na foto). Dezasseis anos. Não sabe ler, mas gostava de ter um emprego num escritório. Não pode ser. Não salvou ninguém importante. O homem era um sapateiro de quarenta e um anos. O tempo esqueceu-a ou ajudou a esquecê-la. Marcelo substituía Salazar que caíra de uma cadeira onde dormitava, ficando depois com cara de tolo ( ver foto). Corria o ano de 1969. Marcelo prometera voltar à esquerda. Porém, não cumpriu com as promessas de 69. Alterou esta sua posição o que fez com que caísse ao som dos petardos da tropa de Santarém. Trinta e seis anos depois o mesmo Douro é testemunha de um crime hediondo: treze rapazes (de idades compreendidas entre os dez e os catorze anos) perseguiram durante meses um ser humano ferindo-o diária e sistematicamente o que lhe provocou a morte. Esses rapazes, educados numa instituição católica, atiraram o corpo para um poço com água. Água doce como a do rio Douro. Não vou discutir a sentença do tribunal, porque o que se passou na barra é-me totalmente desconhecido. Questiono o porquê de uma perseguição tão sangrenta feita por “aquilo” que nós chamamos de crianças a um ser humano que podia ser nosso filho ou irmão. Penso que está na altura de com muita calma mandarmos à puta que o pariu uma certa pedagogia e encetarmos medidas de prevenção que passam pelo acompanhamento no terreno de todos os comportamentos desviantes e seus actores. No pé em que as coisas estão, este Estado tem de controlar os cidadãos como quanto quer controlar as sua contas bancárias. É indecente estar toda a gente a ser vigiada? Ora que porra! Se isso nos dá segurança, que se vigie os que são e os que não são filhos de puta de assassinos que nos rodeiam por todo o lado. Quer dizer, estar-se no Líbano debaixo do fogo israelita ou à beira-rio em Portugal só difere de se gostar ou não de apanhar no cu. A morte espreita-nos! Peço desculpa pelos palavrões, mas as palavras existem para alguma coisa. E numa época de todos os crimes um palavrão aqui outro ali -se me permitem a comparação - não é mais do que um gelado oferecido aos combatentes nos Montes Golan. A pobre Madalena - cujo acto fala por ela e não por nós (porque nos falta a coragem e a cultura) - foi esquecida. Quem é? Quem foi? Nicles! No entanto, é preciso acompanhar psicológicamente os pequenos assassinos. Acho bem! Só que os resultados todos nós sabemos que não satisfarão nem aos próprios nem à sociedade. Apenas darão emprego aos psicólogos, aos auxiliares, aos senhorios de onde estão instaladas as instituições, etc. E muitos mais, meus senhores! E quem sabe se premiando os bons fornecendo-lhes o que necessitam e punindo os “maus” apenas com acompanhamento rigoroso (que é o quanto basta – não se encontrou ainda qualquer outra solução) talvez se obtivesse resultados mais humanos? Acompanhar individualmente não é deixar organizar-se grupos de pequenos terroristas estando-se sentadas nos cafés e nas secretarias como o faz a maioria das assistentes sociais. Que apresentem trabalho descrevendo os passos diários do acompanhamento para não depararmos com estes crimes todos dias e outros sobre crianças. Os relatórios têm de ser entregados a pessoas que saibam actuar de imediato. Ser assistente social no nosso país é o mesmo que dizer não passa de um emprego porque trabalho está quieto... Neste momento, Beirute está a ser destruída. Já não me apetece escrever mais...
manuelmelobento
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