PERIGOSAMENTE CEREBRAIS
SÓCRATES VERSUS MARIA JOÃO AVILLEZ
UM TANGO DE CÉREBROS
Em nome de Portugal, Maria João Avillez examinou o primeiro-ministro José Sócrates, na sua rubrica “Outras Conversas”. A entrevistadora apresenta-se sempre bem preparada quer se trate de questionar escritores, religiosos, poetas, políticos, etc. Como é que o faz? Não sei! Melhor, só com uma cultura específica em diversas áreas é que se consegue ser tão rigorosamente científica nas matérias tratadas. Avillez levou Sócrates a fazer um exame no terreno da sua magistratura, não permitindo que o chefe do executivo descambasse para um acto de autognose laudatório. Sócrates esteve à altura. Poucos primeiros-ministros aguentariam um devassar da sua práxis sem se estatalar. M.J. Avillez num fogo cerrado obrigou-o (Sócrates muito delicado e muito longe do Sócrates da (na) Assembleia da República) a fazer a distinção entre o seu magistério e o de Guterres. Sócrates – sempre optimista no projecto para Portugal – foi obrigado a declarar que a contenção e rigor nas contas do Estado eram para continuar. Não deixou a meio as explicações solicitadas e, sempre cavalheiro, pedia para expor o seu pensamento até ao fim. Travou o descalabro económico para afirmar a M.J. Avillez e ao país que saímos do estado da tanga para o estado da recuperação económica, cujos indicadores “a fiscalização europeia” confirmava. Tinha na cabeça o número de penetras da função pública (incluindo professores) que gozavam de um estatuto que nem os funcionários do Estado brasileiro do tempo da ditadura de Castelo Branco usufruiam. Uma espécie de lombrigas que só se humanizam no dia em que levantam o ordenado. A uma pergunta muito delicada de MJA, acerca da futura nomeação do Procurador Geral da República, o primeiro-ministro (rápido em segundos alongados...) respondeu ... constitucionalmente. Foi um momento giro, porque talvez não estivesse à espera de como a pergunta lhe seria colocada, ou mesmo se o fosse. A imagem de Sócrates saiu muito reforçada. Maria João Avillez ao elevar a fasquia e o tratamento dos assuntos de Estado a um nível pouco usual de exigência na área da política participativa, obriga, a partir de agora, ao incómodo do que é ser-se nomeado para um cargo apenas pela simpatia ou por favores, onde a competência mora longe. E competência a partir de agora é o que se exige. Mesmo que numa de abertura “humilde” se diga que até com Cavaco Silva se aprende. Esta Maria João Avillez tem cada uma...
manuelmelobento
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