Saturday, July 15, 2006

CU-OÁSIS


A PRAIA DOS MOÍNHOS, UM VERDADEIRO
CU-OÁSIS

Dezenas de pessoas, incluindo crianças e adultos, banham-se diariamente, no Verão, no mar ao norte da ilha de São Miguel. A mais famosa de todas as praias daquela zona é a Praia dos Moínhos. O que a RTP/Açores transmitiu, hoje, dia 15 de Julho, foi um trabalho que se por um lado é um alerta para as autoridades sanitárias por outro é um duro golpe “na honra” turística dos micaelenses tornados europeus da Civilização Ocidental. “Honra” que efectivamente está no cu. Eu já explico. Primeiro vou socorrer-me da História para melhor raciocinar... Quando Jesus Cristo juntamente com os Apóstolos e algumas santas (eram todos santos e santas – diz Roma) mulheres atravessavam o deserto para transmitir a palavra do Senhor seu (deles) Deus, naturalmente que quando queriam fazer cocó não podiam utilizar sanitários com água corrente. Tinha de ser feito com o rabo ao léu. Depois, para se limparem, uma vez que não havia papel higiénico nem os jornais circulavam (o papel ainda não tinha sido inventado, o papiro era propriedade dos escribas e os pergaminhos ainda estavam junto aos carneiros) tinham de utilizar os dedos ou as pedras. Eu opto pelo uso das pedras para fechar por aqui este raciocínio... Mais tarde, muito mais tarde, quando Salazar nasceu em 1889 (dezanove séculos depois) em Santa Comba Dão, o povo defecava nos campos. Como os gatos, fazia uma covinha, servia-se e por último utilizava a pedra como na época do Salvador. As habitações não tinham casas de banho. Nem se sabia o que isso era. Penso que Salazar só viu a primeira retrete quando foi para o seminário. Não sei se o estão a ver com os calções em baixo? Mesmo assim, nos conventos os buracos eram colectivos. No Convento dos Capuchinhos, ainda se podem ver oito buracos para o cu todos separados por sete a dez centímetros. Não sei se o ditador que governou o país, mandou construir uma retrete em casa depois de se doutorar ou se depois de se tornar ministro das Finanças. Deixo esta parte para o Prof. Saraiva investigar. Naturalmente que a maioria das doenças que não tinham explicação eram provenientes da falta de higiene. Não é preciso ser-se bruxo para tal se concluir. Quando o 25 de Abril libertou o povo da ditadura salazarista o que mais falta fazia, para além de acabar com a guerra e com os analfabetos era dar a cada um uma retrete. Sobretudo àqueles que possuíam casa sem terreno à volta. Um dia (1992) quis fazer um trabalho sobre retretes na área escola e houve quem se mandasse ao ar julgando que eu estava a gozar. Não, não estava! Os alunos falavam-me de cada coisa... Havia famílias micaelenses que se dispusessem de um deserto dariam graças a Deus... Quando o povo começou a perceber que a água não servia só para ferver sopa nem só para regar as novidades, foi um tal pedir subsídios para poder cagar. Primeiro para comer, claro está. Como se comia muito pouco em São Miguel (nas outras ilhas, não sei) não havia mais do que dois sanitários para uma população de 150.000 almas. O segundo foi construído na década de cinquenta aquando da inauguração da Avenida Marginal em 1951. Uma desgraçada que na Calheta sentisse apertos só se podia satisfazer atravessando toda a cidade a pé até chegar ao Campo de São Francisco (2 kms). Um dia, era eu miúdo, vi uma mulher de fora da cidade, numa rua de terra, levantar umas saias muito compridas e urinar como uma vaca. Pareceu-me. Só muito mais tarde, quando aprendi a ler, é que pôde distinguir com mais certeza... Com os hábitos de comida trazidos pela democracia o povo deu largas aos intestinos, tal qual os ricos. Logo, são necessários sanitários em toda a parte. No Verão, nada mais lógico, são precisos sanitários. O primeiro de serviço público foi construído na Praia Grande, em Ponta Delgada, por ordem de Américo Natalino de Viveiros, na década de oitenta. Daí para cá foram-se construindo aqui e ali imitações. A da Praia dos Moínhos é muito posterior. Acontece que os esgotos da trampa daquelas instalações vão directamente para o lugar onde o povo, a burguesia e outros aspirantes, se banham. O que é que se pode fazer a estes europeus (?) senão dar-lhes cursos de higiene? Não se pode chamar à razão os responsáveis, porque eles devem ser do tempo em que entrar numa casa de banho dava azo a interpretações erróneas. Alguns, por desconhecimento, devem julgar ainda tratar-se de um consultório de dentista. E agora, em termos de turismo? E agora, as outras praias? Será que os turistas que escolheram a nossa Região Autónoma como destino de férias não irão pensar que cagamos para cima de nós próprios? Por favor micaleses, façam como os Apóstolos, caguem no deserto! “Entances”, não é mais higiénico!
manuelmelobento
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