Saturday, October 14, 2006

A LÍNGUA DA LINGUAGEM DAS MULHERES

Já muito pouca coisa me espanta. Porém, lá de vez em quando acontece cada uma que é de bradar aos céus de um Magueijo ou de um Hubble. Num programa que dá pelo nome de “A Revolta dos Pastéis de Nata” e que tem como apresentador um rapaz de chapéu trocado que está sempre bem disposto encontrava-se Maria do Céu Guerra, monstro sagrado do teatro e da cultura portuguesa, mulher que tem contribuído para levar à grande maioria do povo e a preços módicos a arte de representar em palco. Mulher progressista e com bastante preocupação social, senhora de uma linguagem de emancipação a todos os títulos louvável, etc. , teve uma péssima prestação nos “pastéis”. Não que os tivesse comido. Nada disso. A cena descreve-se em poucas palavras. O apresentador, de repente, pede à atriz que mencione nomes de mulheres que ela julgasse serem capazes de ocuparem a cadeira de Belém. Apoderou-se de Maria do Céu Guerra uma branca, melhor dizendo um Buraco Negro. Só lhe veio à cabeça a saudosa Maria de Lurdes Pintasilgo. “Já morta” disse o apresentador. E pronto! Passou-se adiante. Ora bem. MCG demonstrou como é difícil ser mulher em Portugal. Fizeram-lhes a cabeça e vai ser muito, mas muito tormentoso desprogramá-las. E é pena que sejam os machos (mais conscientes da importância das mulheres neste mundo) quem irá orientar-lhes o caminho a seguir. Antes de continuar nestas alegações, devo dizer que me vieram à memória (quando assistia ao programa) uma série de nomes de mulheres que eu (pessoalmente) não me repugnaria ver como Chefe de Estado. (O raciocíno é simples: basta comparar com todos aqueles que já o foram...) Começaria por Maria João Avillez, Maria Barroso, Helena Roseta, Eunice Munhoz, Maria Belém, Rosa Lobato Faria, Odete Santos, Ferreira Leite, Teresa Patrício Gouveia. Foram estas apenas. Mas se formos à Universidade, de certo, encontraremos outras bem menos visíveis mas não menos importantes. Hoje, uma Maria José Morgado e uma Maria José Nogueira Pinto também me vieram à ideia. O mundo politicamente governado pelos homens é o mundo do crime e do genocídio. Acho que não é preciso repetir. Retirando alguns estigmas preconceituosos que elas injustamente carregam vamos reparar que elas são pessoas de eleição. Lutadoras por um mundo mais justo e pacífico. É certo, também, que são umas chatas apegadas a merdinhas. Mas bolas, isso não é impedimento para as aceitarmos sem estarmos a pensar em cotas. As centenas de milhar de anos passados fechadas na prisão do “lar” torna-as senhoras de um modo de pensar e de agir que sugere muitas dúvidas, até a elas próprias. Porém, existem milhões de mulheres que já entraram no canal do homem. E estão a superá-los, embora sujeitas a todo o tipo de “escravidão” que elas próprias criam. É a merda da preocupação no vestir, no pentear, etc. Metem-se na cozinha para dominar e não lhes dá para educarem o homem nas tarefas que a elas lhes impuseram. Têm de ser pedagógicas na transmissão de conhecimentos. Como viveram esses anos todos entre as quatro paredes ficam histéricas com o pozinho da mobília. Falam umas com as outras sem nunca se calarem porque se treinaram a fazê-lo contra as pobres paredes. Passaram a vida a preparem-se para satisfazerem o homem e muito dificilmente vão partir para outra. Quando alguma se liberta desse ridículo são elas mesmas a querem destruí-la. No meu tempo, no ensino secundário, elas tinham aulas de culinária para posteriormente ajudarem a encher a pança dos maridos nas melhores condições. Apesar de trabalharem os macho sentavam-se e eram servidos servilmente. Está na altura de se criarem nas escolas cursos de culinária e de costura para homens. Elas têm de começar a exigir o mesmo tratamento para os homens. As mulheres não podem substituir o homem sem lhes ensinarem o que sabem. De outro modo, cria-se um vazio e esse vazio acaba por ser preenchido por elas. O pior é que acumulam. E é nesta situação que se sujeitam a nem serem donas do seu próprio corpo. Que tristeza de mulheres! Não falo das coitadas, pois estas só entenderão o discurso para que foram treinadas! Falo das cultas. Que até parecem umas pobres tristes... coitadas...
manuelmelobento

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