Monday, April 23, 2007



O CHAPEIRÃO

Há chapéus que dão muito que falar. Numa terra como a nossa, usar chapéu levanta muitas questões. Um dia Mota Amaral, numa das suas muitas visitas oficiais às ilhas, usou um do género panamá/colonial. Logo, a comunicação social fez disso notícia, mas como de costume, não explorou a mensagem implícita no seu comportamento inusitado. A minha leitura do facto - como não podia deixar de ser - foi política. Isto é, o chapéu usado pelo chefe político da altura permitia o uso de uma simbologia um todo nada voltada para as alegorias. Porque Mota Amaral é um homem vocacionado para o misticismo, substítuo o termo alegoria por parábola gestual. O chapéu designado de panamá é feito de uma palmeira oriunda da América do Sul. Quereria Mota Amaral dizer que isto por aqui era uma espécie de República das Bananas, tipo colónia dos Estados Unidos? Ou quereria levar a efeito uma manobra de diversão a fim de passar despercebida a maneira como governava? Ou ainda, estaria Mota Amaral a querer fazer passar uma ideia de turismo, hoje muito em voga? Como perdi esses documentos críticos, não estou à altura de apresentar o meu raciocínio antigo e talvez ancilosado. Felizmente, para exercitar o meu pensamento sobre chapéus, apareceu na pantalha regional (?) o nosso actual chefe político, Carlos César. Usando um chapeirão para o chá das cinco e outro para degustar o queijo de São Jorge, o nosso representante - eleito pelas massas trabalhadoras e não só - pôs-se a discursar de cabeça tapada. Gostei! Mas, não posso deixar de fazer a minha apreciação por aquilo que não foi dito. Esta é uma época de ouro para quem governa a Região. O chefe político passeia-se qual senhor Dom Afonso II (lembrei-me deste monarca por causa do episódio do queijo e da camponesa) pelas terras de Portugal. César é muito querido. Mesmo as Câmaras que não lhe “pertencem” (à excepção da minha – CMPD) estão todas no papo. César, lentamente, faz o cerco a Berta Cabral procurando isolá-la, tal como Dom João de Castela o fez a Lisboa, no século XIV. Só a perspectiva do aparecimento da peste levou o conquistador a fugir… (dizem alguns historiadores mais ou menos nacionalistas). Com a eficaz vigilância aduaneira vai ser muito difícil importar peste para fazer levantar o cerco cesarista à maior Câmara da Região… Será que os castelhanos-socialistas vão entrar em Ponta Delgada pelas Portas do Mar?...
manuelmelobento

1 Comments:

Blogger A. A. Barroso said...

Simplesmente delicioso este texto. Aliás, os seus posts são sempre interessantes pela argúcia da análise.

10:43 AM  

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