Sunday, February 04, 2007




MÁRIO MESQUITA


O Prof. Mário Mesquita estava a caminho de perfazer dez anos como cronista do diário “Público”. Segundo a sua última crónica foi dispensado por José Manuel Fernandes, seu director. Como pensador, os seus créditos são indiscutíveis. Quem percorre os jornais em busca de conhecimento não pode deixar, através dos seus textos, de aprender. Quando as suas ideias acerca dos Açores se alongavam para critérios disponibilizados por tendências de meter tudo no mesmo saco, eu permitia-me irritar-me. Ele, que apenas passa pela terra que o viu nascer o tempo suficiente para um mergulho à beira de água, às vezes propunha-se discutir aquilo para que não estava habilitado/acostumado. Estava longe das coisas e estas não lhe passavam nem de perto nem de longe do nariz. De um momento para o outro e à falta de cabeças pensantes ei-lo alcandorado a postos de administração bem remunerados. Os governos partidários lá de vez em quando têm destas coisas. Sabem escolher (no que diz respeito à inteligência, não esquecer…) e sem temores acabam por fazer uma boa opção. Há tempos, o Prof. Vasco Garcia – hoje, um dos poucos especialistas de política internacional que habitam por cá - numa entrevista à RTP que se alonga pelos Açores, afirmou bem claro que se existia a FLAD (Frente de Libertação dos Açores para o Desenvolvimento – estou a brincar, é que já não sei que diacho é), isso devia-se sobretudo à posição estratégia do arquipélago e à ocupação pela força (digo eu) dos terrenos do aeroporto/Base Aérea 4 pelos americanos. Portugal encheu-se de dinheiro que devia pura e simplesmente reverter para nosso benefício já que temos de aturar a arrogância dos Yankees e as suas intolerável ocupação e prepotência. A FLAD recheou-se de administradores pagos a peso de ouro. Caso raro e nunca visto, nenhum deles era açoriano. Os americanos - que só querem é mamar de graça – deixaram de pagar há muito o que tinha sido acordado pelos portugueses da Europa - que também gostam muito de mamar - acerca do preço do arrendamento do terreno ocupado militarmente. Perante tal descaramento e sem moral para reivindicar aquilo a “que tinham direito” o Governo Central acabou por abrir mão a que se convidasse um açoriano-português para a administração, a fim de “pressionar” os impressionáveis caloteiros. Mário Mesquita com o seu perfil dava-lhe jeito. Pronto. Eis a história em poucas ou muitas palavras. Mas, ainda há mais qualquer coisa a dizer: Mário Mesquita não devia ter aceite o lugar porque vai tornar-se suspeito e sujeito a medidas de vigilância redobrada. A suspeição já começou a fazer efeito: o empregadito pró-americano despediu-o. Não o fez devido ao seu raciocínio (não haja dúvida que o tem, mas muito inclinado), mas sim para dar seguimento a ordens superiores. Não é ele que vai à gaveta retirar o cacau para pagamentos aos que fazem opinião no Público, ou como diz Mário Mesquita: nada disso de “opinionmakers”. Agora, os nossos olhos estarão voltados para ele, para ver como é que os ganhos arrecadados no passado pela famigerada FLAD vêm parar a quem de direito já que do senhor Rui Machete (social-democrata de eleição) sempre tapou os ouvidos aos berros dos indígenas locais.
manuelmelobento.

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