Saturday, June 10, 2006

O 10 DE JUNHO VISTO PELO COLUNISTA DE SERVIÇO

Acordei ao som da fala do Presidente da República. Sempre na postura de muita respeitabilidade, Cavaco pede um reforço na reconcialização nacional. É de considerar a aspiração do mais alto magistrado da nação portuguesa. Devemos todos fazer esse sacrifício. Pois, só assim alcançaremos o promontório do desenvolvimento a que aspiramos desde o longínquo ano de 1415. Não vou entrar pelos aspectos históricos pois, outro, mais credenciado, já o fez. Refiro-me a Avelino Meneses, o Magnífico, a quem foi dada a palavra no paço de todos os ditirambos: o Palácio dos Capitães em Angra do Heroísmo. Continuando a sobrevoar o discurso presidencialista verifiquei que S. Exª., numa de família, pede aos pais para educarem convenientemente os filhos. Também aqui nada a objectar. É um bom conselho! Só que tenho dúvidas sobre o tipo de pais a que se refere o Presidente. Pais biológicos, tóxico-dependentes, encarcerados nas prisões, desempregados, os divorciados, os que trabalham e raramente contactam com os filhos? , etc. Ou estaria o lídimo estadista a pensar nos pais que são professores e que por força da sua actividade têm de educar os filhos dos outros? Alguns, por via das circunstâncias sociais, mais não são do que espécimes neanderthalistas. Pais que se demitiram de educar os filhos porque também o não foram pelos seus. Cavaco falava para um país que já não existe. Desses pais existem muito poucos. Portugal, hoje, é o país da liberdade, do sexo nas escolas a quem os professores devem ensinar a colocar o preservativo. Muitos desses professores nunca os viram. Muitos desses professores têm vergonha de os comprar nas farmácias... Ah!, senhor Presidente, como era bom o sexo discreto do nosso tempo. Biologicamente seguro. Nada daquilo que as estações televisivas nos impingem: sexo quase ao vivo. Palavrões e mais palavrões que ruborizariam a Irmã Lúcia, a verdadeira Virgem Portuguesa. Portugal mediático é o Portugal pornográfico. V. Exª. devia pedir às mães de Portugal que voltassem para a cozinha e para o dever de passividade sexual obrigatória. Há mulheres que já se queixaram à polícia acusando os maridos de as terem violado. Onde já se viu isso? Elas que até para viajarem tinham de nos pedir autorização. Que o 10 de Junho traga mais educação e ouçam V.Exª. mais vezes... Saltemos para os festejos que tiveram lugar na terra mais portuguesa de Portugal: a Terceira! O Mágnifico Reitor falou. E falou bem! Sendo oriundo das Ilhas de Baixo, em dando-lhe a palavra nunca mais se cala. Substituíu o prof. Hermano Saraiva tal foi a garra com que prefaciou um novo perfil histórico para Portugal. Na sua extensa e anestesiante prelecção Avelino, às palavras tantas, disse: Entre 1580 a 1583 Portugal é Portugal devido ao patriotismo dos terceirenses. Homem baixo subiu-lhe certamente a borla ao penteado. Onze mil habitantes, mais quatrocentas vacas selvagens mantiveram a bandeira da monarquia em frente ao restaurante Beira Mar como símbolo de uma pátria livre a dois mil quilómetros de distância? Heroísmo o quanto baste. Quantos dias de barco ficava a Terceira longe do Reino? Que interesse estratégico teria Angra que outros portos açorianos não tivessem? Só da mania das grandezas poderia sair tal afirmação! Quem na altura queria saber se Portugal estava escondido na Terceira? Era para a malta rir? Talvez não! Estou em acreditar que o síndrome do 10 de Junho à imagem dos despautérios nacionalistas do Estado Novo tivessem toldado o pensamento de Avelino. Prestou-se a um papel ao nível dos antigos reitores. Sabujar. Outra vez o medo de assumir, como académico que julgo é, os horizontes e aspirações do Povo dos Açores. Não há limites para a liberdade. Nem para a assumir. Ninguém lhe passou procuração para falar em nosso nome. Devia ter-se ficado pela mistela histórica oferecida de mão beijada à situação actual portuguesa. Até porque em termos universais há quem tenha outra versão dos acontecimentos. Leia a História Espanhola... Passemos, então, à actuação do Representante Mesquita. De repente, julguei-me com a Marqueza de Alorna. Eis Vate Mesquita declamando Pessoa no seu pior. "Quantas noivas ficaram por casar para que fosses nosso ó mar..." Por acaso nenhuma. Voltaram todas a casar, segundo registos da época. Camões morreu! Viva Pessoa! A princípio pensei que o Representante se tinha passado. Foi uma impressão passageira. O Representante é mesmo assim. Um espectáculo! Zeca Medeiros terá oportunidade de alargar o seu elenco de verdadeiros artistas. É só haver conjugação de esforços. Todos ao Teatro Micaelense! Mas todos! Todos juntos faremos um Portugal melhor. Nem que seja em verso!
mmb
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